Já pensou em viver uma vida somente com o essencial? Essa é a busca de uma vida minimalista e, nesse artigo vou contar um pouco sobre minha experiência, nessa constante atenção para que somente o essencial permaneça na minha vida.

O minimalismo é um desses termos que viraram moda, muita gente usa e, seja positiva ou negativamente, já é um conceito cheio de preconceitos. No fundo não importa tanto o que cada um diz que é ou não é minimalista – desde que o conceito do simples e essencial esteja presente, estaremos todos num caminho em direção a uma vida mais pautada no essencial e mais básico.

Digo isso pois acho que percebi um dos primeiros benefícios desse estilo de vida antes mesmo de ouvir falar da corrente artística minimalista. Com meus vinte e poucos anos lembro de estar pensando na seguinte frase:

“Me parece que quanto menos coisa eu tenho, mais feliz sou.”

Compartilhei esse sentimento com minha família no momento, mas só recentemente consegui compreender de fato o que significa. Vou começar então explicando o que eu considero como minimalismo.

O que é minimalismo?

Antes de pensarmos como um estilo de vida, o minimalismo vem de uma corrente artística que visa o uso apenas do essencial e básico. Agora, um dos elementos mais importantes é que não é só reduzir a quantidade de informações ou objetos. Todo o processo minimalista é consciente do propósito da existência ou não de algum elemento.

Trazendo essa ideia para um estilo de vida temos o minimalismo como um filtro, que questiona a necessidade de qualquer objeto, ação, relacionamento ou informação, fazer parte da nossa vida. Vamos ver dois exemplos dessa lógica com um mesmo objeto de decoração:

1- Desfazendo do objeto

Recebi um objeto de decoração de um grande amigo. A peça foi comprada em uma de suas viagens e acho ela muito bonita. Contudo, após algumas semanas ou meses percebi que a guardei dentro de um armário e não estava a apreciando. Com uma reflexão mais consciente decidi me desfazer e desapegar do objeto uma vez que ele não tinha nenhum objetivo e estava somente ocupando espaço.

2- Mantendo o objeto

Recebi um objeto de decoração de um grande amigo. A peça era exatamente no estilo que eu gosto e toda vez que olho para ela tenho uma sensação agradável e positiva. Além disso ela combina muito bem com minha estande de trabalho, então resolvi colocá-la lá, para que todos os dias ela me ajude a inspirar e realizar meu trabalho. Mesmo depois de um bom tempo resolvi manter o objeto ali, pois sinto que ele faz parte do meu dia e tem um propósito muito claro e frequente na minha vida, além de também ter um valor sentimental.

A relação do que é essencial e minimalista, no fundo, vai de cada um. O mais importante é ter consciência do que possui e sempre se questionar se você pode ser desapegado em cada situação. No meu caso, apesar de ainda ter algumas coisas na casa da minha mãe, só vivo com duas malas. Tudo que uso, possuo e faço questão de estar ao meu lado, vai comigo nas minhas viagens como nômade digital.

É interessante que, da minha primeira viagem à atual, eu reduzi algumas coisas – como roupas – e aumentei alguns utensílios de cozinha que descobri que faço questão de estar perto de mim.

Voltando à minha frase acima sobre felicidade, algo que faz muito sentido nisso tudo é que quanto mais objetos ou outros elementos presentes na minha vida, mais minha atenção se desvia do que realmente é importante. Inclusive podemos estender esse pensamento para relacionamentos e até ideias que apegamos.

Reduzindo a quantidade de distrações e “barulho” na vida conseguimos chegar ao que realmente importa: nossa essência, paz, amor, gratidão, crescimento pessoal, doação e por aí vai. Tudo isso leva a um sentimento de maior felicidade e diminui ansiedades, estresse, etc. Para cada um o essencial do minimalismo pode ser diferente.

Benefícios do minimalismo

Um estilo de vida baseado em ter consigo só o essencial e mínimo necessário, traz consigo uma série de benefícios. Vamos listar alguns dos que acredito serem os mais notáveis e que, para mim, fazem mais diferença.

1- Tranquilidade e liberdade

Com menos pensamentos, coisas ou relacionamentos para se apegar, a vida fica mais simples e tranquila. Ao invés de termos todos os dias aquela sensação de que o tempo passa rápido demais, temos uma atenção mais plena e cada momento pode ter um sentido mais interessante e diretamente relacionado com nossos objetivos de vida.

Dica: O minimalismo alinhado à meditação nesse caso pode ampliar ainda mais essa atenção plena e sentimento de tranquilidade.

2- Financeiro

Querendo ou não, o estilo de vida minimalista contribui para uma vida mais barata, uma vez que os gastos e compras deixam de ser impulsivos. Inclusive, a quantidade e frequência das compras diminuem substancialmente.

Menos coisa para comprar, menos gastamos dinheiro com objetos. No meu caso acho isso muito especial pois posso focar as finanças para coletar mais experiências e poder compartilhar com pessoas que gosto.

3- Produtividade

A relação de produtividade com o minimalismo não é imediatamente clara, mas vejo como uma poderosa ferramenta de fazer mais com menos tempo. Uma vez que inclusive no meu próprio computador eu viso deixar minhas informações mais reduzidas, eu consigo me organizar de forma muito mais objetiva.

Ao usar menos aplicativos, websites e programas eu consigo fazer meu fluxo de trabalho ser muito mais efetivo e, junto com um ambiente ao meu redor sem distrações, executar trabalhos em muito menos tempo.

4- Profissional

Quando eu converso com meus clientes, busco eliminar tudo aquilo que não é importante ou essencial para o sucesso deles online. Meu trabalho envolve fazer os melhores websites e quando tiramos tudo que é extra e não essencial da equação, temos um site focado em atingir os mais importantes objetivos.

Em geral costumo até a questionar as vontades estéticas ou de funcionalidades de alguns clientes até que ambos entendemos, considerando todos os prós e contras, que é um elemento essencial do projeto.

O resultado dessa postura em geral é muito positivo e efetivo, tanto para mim quanto para os objetivos dos clientes.

5- Relacionamentos

O minimalismo nos relacionamentos é um tema uma pouco mais complexo. Como mesmo pensar que uma relação com outra pessoa não é essencial? Eu acho que nesse ponto agir de forma minimalista significa compreender como uma relação entre nós e outra pessoa nos afeta.

Se a relação nos afeta positivamente, ampliamos. Se a relação nos afeta negativamente temos duas opções: 1- Tentar transformar a relação para que ela seja melhor; 2- Cortar a relação.

Muita gente hoje fala daquela regra que “nós somos a média das 5 pessoas que mais convivemos”. Ou seja, se as 5 pessoas mais próximas de você possuem um tipo de atitude com a vida de ficar só reclamando e sendo pessimista, você acabará sendo influenciado(a) por esse tipo de pensamento.

Do contrário, se as 5 pessoas mais próximas forem cheias de energia, positivas e tranquilas, você começará a pensar mais dessa maneira.

No fundo, um jeito de pensar nessa questão sem ficar com um pesinho na consciência é que vamos tentar ajudar alguém próximo de nós aumentando a média dessa pessoa. Se não conseguirmos ou a influência dessa pessoa for muito prejudicial para nossa “essência”, afastamos.

Os desafios do minimalismo

É importante lembrar que o estilo de vida minimalista é baseado em um constante treino de desapego. Principalmente para quem está começando a pensar de uma forma mais simples, a tendência é achar que tudo é essencial para a vida. Com o tempo, a relação tende a inverter e é difícil determinar o que realmente é importante.

1- O que é importante

Ter 10 meias é tudo bem? Posso ficar com meus 2 tablets? Será que vou doar esse relógio? Esse tipo de pergunta será constante e saber lidar bem com elas é um grande desafio. Tem hora que é difícil responder. Os prós e contras não são tão claros e no fundo conseguimos arrumar justificativa para jogar fora, doar ou ficar com qualquer coisa.

Não por peso nesses momentos é o ideal. Decisões com leveza e sem nos cobrar demais de tomarmos o caminho “certo” vão contribuir muito para o sentimento de liberdade e tranquilidade.

2- Nem tudo que uso é seu

Compartilhar é algo que muitas pessoas acabam aprendendo ao longo da vida. Seja por causa de irmãos, necessidade ou mesmo bondade e compaixão. Ser minimalista às vezes envolve compartilhar algumas coisas simplesmente porque não vale a pena ter essa coisa.

Se não uso muito um carro, vale a pena sempre usar Uber, alugar um carro ou algum aplicativo de compartilhamento de corridas quando necessário. Para eventos mais chiques ao invés de comprar uma roupa, o aluguel vira a melhor opção – no caso das mulheres, afinal o que fazer depois com um vestido que não usará socialmente em outro evento para não repetir?

No meu caso compartilhamos muitas coisas pois moramos em Airbnb ou apartamentos/casas alugadas e já mobiliadas. Sempre colocamos nosso toque mas ainda assim não possuímos a grande parte dos utensílios e móveis que utilizamos.

Lidar com isso pode ser um desafio constante, mas também é algo que o tempo contriui para a adaptação.

3- Comodidades

Acho que a comodidade é um item que ainda tenho bastante conflito e dificuldade de lidar. Fui acostumado com algumas comodidades ao longo da vida que hoje são um pouco mais difíceis de ter. São detalhes que só percebemos quando ficamos um pouco mais de tempo sem e aí bate a saudade.

Pouco depois de começar a viver um estilo de vida mais minimalista eu nem pensava em como a minha máquina Nespresso fazia parte da minha vida, que a guitarra que tocava uma vez ao ano poderia me servir ou mesmo que o umidificador de ar seria necessário algum dia.

Após alguns meses começaram a bater algumas saudades. Lembranças de que “seria legal poder simplesmente usar o processador de alimentos para cortar essa cebola ao invés da faca”. Em especial eu sinto muita falta hoje de ter um computador desktop potente com duas telas, mas sendo nômade e minimalista como eu poderia dar prioridade para isso na minha mala que já tem espaço reduzido?

Pode ser que eu veja no futuro que realmente faz sentido comprar uma mala só para meu computador e levar ele para onde eu for já que é meu maior instrumento de trabalho. Mas no momento estou conseguindo ser um bom profissional somente com o laptop e vou questionando a real necessidade de mudar.

Uma dica minimalista

Ao longo desse texto apresentei como o que eu acredito ser os mais importantes pontos positivos e desafiadores de uma vida minimalista. Se é difícil ou fácil, esse é um questionamento que só você pode se fazer após dar uma chance para esse estilo de vida.

A dica que eu tenho para você se quiser tentar viver com menos é não se importar com o que outras pessoas podem pensar ou falar. Tudo aquilo que mexe com a zona de conforto das pessoas gera um incômodo que, para muitos, se transforma em intolerância e agressividade.

Você é dono(a) da sua vida e se buscar viver só com o essencial poderá acabar descobrindo muito mais de si e do que importa na sua vida. Não é uma promessa, mas – assim como grande parte do que falo aqui no blog – parte de muito estudo e de minha própria experiência.

Se você gostou desse artigo sobre minimalismo, deixa nos comentários o que pensa sobre o assunto e vamos continuar a conversa por lá.

Divirta-se!