A startup de IA Runway lançou nesta segunda-feira o que afirma ser um dos geradores de vídeos com inteligência artificial de mais alta fidelidade disponíveis no mercado.

Denominado Gen-4, o modelo está sendo disponibilizado para clientes individuais e empresariais da empresa. Segundo a Runway, ele é capaz de gerar personagens, cenários e objetos de forma consistente entre as cenas, manter “ambientes de mundo coerentes” e recriar elementos a partir de diferentes perspectivas e posições dentro das cenas.

De acordo com um post no blog da empresa, “o Gen-4 pode utilizar referências visuais, combinadas com instruções, para criar novas imagens e vídeos utilizando estilos, sujeitos, locais e outros elementos de maneira consistente, tudo isso sem a necessidade de ajustes finos ou treinamento adicional.”

A Runway, que conta com o apoio de investidores como Salesforce, Google e Nvidia, oferece um conjunto de ferramentas de vídeo com IA, incluindo modelos geradores de vídeo como o Gen-4. Embora enfrente forte concorrência nesse segmento, especialmente de empresas como OpenAI e Google, a startup tem se destacado ao firmar parceria com um grande estúdio de Hollywood e destinando milhões de dólares para financiar filmes utilizando vídeos gerados por IA.

O Gen-4 permite aos usuários gerar personagens consistentes sob diferentes condições de iluminação, utilizando uma imagem de referência dos mesmos. Para compor uma cena, os usuários podem fornecer imagens dos sujeitos e descrever a composição desejada para a tomada.

Em seu post no blog, a empresa ressalta que “o Gen-4 se destaca pela sua capacidade de gerar vídeos altamente dinâmicos com movimentos realistas, além de manter a consistência de sujeitos, objetos e estilos, com uma aderência superior aos comandos e um entendimento de mundo de primeira linha.” Segundo a Runway, o Gen-4 representa um marco significativo na capacidade dos modelos generativos visuais de simular a física do mundo real.

Assim como outros modelos de geração de vídeo, o Gen-4 foi treinado utilizando um vasto número de exemplos em vídeo para “aprender” os padrões presentes neles e, assim, gerar imagens sintéticas. A empresa opta por não revelar a origem dos dados de treinamento, tanto para preservar sua vantagem competitiva quanto para evitar possíveis problemas relacionados à propriedade intelectual.

Um exemplo dessa questão é o processo judicial movido por artistas contra a Runway e outras empresas de IA generativa, que os acusam de treinar seus modelos com obras protegidas por direitos autorais, sem a devida permissão. A Runway defende que a aplicação do conceito de uso justo a protege de consequências legais, embora ainda não esteja claro como a situação será resolvida.

As apostas são altas para a Runway, que estaria em processo de captação de um novo investimento que avaliaria a empresa em 4 bilhões de dólares. Segundo informações, a startup espera atingir uma receita anualizada de 300 milhões de dólares este ano, impulsionada pelo lançamento de produtos como uma API para seus modelos geradores de vídeo.

Independentemente do desfecho do processo judicial, as ferramentas de vídeo geradas por IA têm o potencial de transformar a indústria cinematográfica e televisiva. Um estudo realizado em 2024 por uma organização representativa dos animadores e cartunistas de Hollywood apontou que 75% das empresas de produção cinematográfica que adotaram a IA reduziram, consolidaram ou eliminaram empregos após a sua implementação. O mesmo estudo estima que, até 2026, mais de 100 mil empregos no setor de entretenimento nos Estados Unidos poderão ser afetados pela tecnologia gerada por IA.