Acho que todos nós, em algum momento, conhecemos alguém que parece ter a vida sob controle, não é?

Aquele tipo de pessoa que é determinada e que parece desafiar o destino e criar sua própria sorte.

De outro lado, também conhecemos pessoas que estão no oposto desse espectro. Pessoas que lidam com muita negatividade na vida, parece que se enfiaram num buraco e não conseguem sair. Não conseguem reconhecer as oportunidades que se apresentam e normalmente estão à mercê de forças negativas externas.

O primeiro tipo de pessoa é normalmente aquele que é considerado como bem-sucedido pela nossa sociedade. E se você procurar nos livros de auto-ajuda ou empreendedorismo, verá que há um certo desejo de ensinar um ponto específico que pode nos levar para esse estágio.

É o milagre do ritual matinal, é o banho gelado, é entender seu “Porquê” e motivação, é gratidão, etc. No entanto, como somos todos diferentes, com histórias, privilégios, nacionalidades, desejos e traumas diferentes, acaba sendo muito pouco efetivo apontar um aspecto único que nos leva para esse ideal de sucesso. Até porque o próprio ideal de sucesso pode ser diferente para cada um.

No entanto, pode ser que exista uma forma de pensar que consiga englobar um pouco mais de situações e nos dar uma dica com relação a como atingir um relacionamento mais agradável e positivo com a vida:

Um locus de controle interno.

Há uns dias, vi um vídeo de um canal chamado “Better Ideas” e me chamou atenção para esse ponto.
Como uma definição, Locus de Controle é:

O que é Locus de Controle?

Locus de controle é o grau da nossa crença de que temos controle sobre as coisas que acontecem em nossas vidas. Cada um de nós tem um locus de controle ou mais voltado para o interno ou para o externo e é provável que esse estado venha em grande parte através de nossa transição da idade infantil para a adulta.

Na definição mais formal da wikipedia, locus de controle é:

“a expectativa do indivíduo sobre a medida em que os seus reforçamentos se encontram sob controle interno (esforço pessoal, competência, etc.), ou externo (as outras pessoas, sorte, chance, etc.)”

Crianças tendem a ter um locus de controle super externo. Afinal, são completamente dependentes dos cuidadores para comerem, tomarem banho, se trocarem e por aí vai. As situações da vida estão sob o controle de outras pessoas e elas não tem como determinar o que podem ou não fazer.

E aí quando vamos ficando mais velhos, de alguma maneira ainda queremos ficar nesse estado de dependência, mesmo que não exista mais a necessidade em isso. Chega um ponto que não precisamos mais de pais ou cuidadores para nos dar as coisas ou nos dizer o que fazer, mas ainda assim é difícil desvincular dessa pressão e/ou conforto do locus de controle externo.

Com o passar do tempo, entra no trabalho, recebe pouco e tem um chefe. Aí o resultado é que é fácil colocar a culpa dos problemas que tem na vida em cima do emprego, do governo ou do mercado.

“Minha vida é um saco porque ninguém quer me contratar e o mercado paga muito pouco pelo que eu faço”.

“O governo cobra impostos demais e não consigo juntar dinheiro nenhum”.

E a questão é que na maior parte das vezes esses questionamentos são legítimos. Eles tem influencia sob nossas vidas sim.

Porém, ao manter esse locus de controle externo, estamos basicamente seguindo uma vida em que não vamos fazer nada que desejamos com consistência, afinal só com sorte ou quando ‘o mundo quiser' é que vamos ter nossas oportunidades.

É a definição de um locus de controle externo.

Mas o jeito talvez mais interessante de olhar para a vida é entender as cartas que nos foram nadas e assumir a responsabilidade de como vamos jogar elas.

Ter um locus de controle interno não significa achar que temos controle sobre tudo e todos, mas que temos a responsabilidade e capacidade de tomar decisões e trilhar caminhos possíveis de acordo com nossas condições no momento.

Semana passada mesmo, ao ler o livro “7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, achei interessante a história de um prisioneiro da segunda guerra mundial chamado Viktor Frankl. Depois ter sido torturado e ter sua família morta, ele chegou num ponto que entendeu que mesmo naquela situação não tinha como eles tirarem a última das liberdade dos humanos: a liberdade de escolha. E com esse entendimento ele começou a vislumbrar sua vida após a guerra e cativar as pessoas ao seu redor para pensar diferente. Até guardas aparentemente foram influenciados por ele.

De tudo isso, acho que a ideia que mais me cativa é a de que precisamos compreender nossa situação com um olhar um pouco mais neutro. Existem injustiças, existem situações fora do nosso controle e existem influencias de toda natureza sobre nós. Tradições, cultura, governo, religião, família, etc. Tudo isso, de certa maneira, exerce uma pressão, que se soma ao nosso histórico. Mas a partir daí, cabe a nós entender quais são as escolhas possíveis e dar um passo de cada vez buscando exercer o controle que temos, por menor que ele seja.

Faz sentido?

Divirta-se!