Se você já trabalha como freelancer ou com alguma profissão autônoma hoje provavelmente sabe da enorme competição e muitas vezes preços muito abaixo do que deveriam ser. Trabalhar autonomamente é ao mesmo tempo libertador e arriscado, mas, assim como eu, creio que muitos não trocariam.
Acho que posso dizer com tranquilidade que os dois principais objetivos de freelancers à medida que vão avançando na profissão é aumentar seus preços e conseguir mais clientes. O problema é que em muitas áreas, como programação, design, fotografia e até consultorias, há um número muito grande de profissionais oferecendo o mesmo serviço que você – apesar de não necessariamente com a mesma qualidade – por um preço ridiculamente pequeno.
Aconteceu comigo
Recentemente recebi uma ligação de uma pessoa que queria fazer um site. Logo de início na conversa ele já foi falando que tinha outros orçamentos mas que tinham me recomendado e queria saber por quanto eu fazia. A referência de orçamento que ele me passou após um pouco de conversa me espantou pois o valor que ele tinha achado “bom” era 10% do valor que eu cobro normalmente e o “caro” não chegava na metade do meu preço.
Naturalmente eu agradeci a procura, informei meu preço e não pudemos trabalhar juntos no projeto.
Hoje eu tenho um pouco mais de tranquilidade para falar não para clientes quando a verba disponível não chega perto dos meus valores e não ter muito problema. Contudo nem todo mundo pode fazer isso. Como fazemos então para ou atrair os clientes certos ou fazer os clientes nos valorizarem mais e aceitarem o preço maior?
Como fazer então?
A responsa simples é: Mostrar para o cliente que o que você faz é único e garantir que estará engajado no projeto.
A ideia é passar a noção que você é a melhor opção disponível e que o seu trabalho, que não funciona como um fast-food, trará mais resultados positivos para os objetivos que seus clientes desejam. Leva tempo e experiência para chegar nas expectativas de determinados clientes, mas você quer ser reconhecido pelas suas habilidades.
Ok. Um pouco abstrato não é? Mas então abaixo vamos vez com um pouco mais de detalhes como podemos transformar nossos serviços como freelancers ou profissionais autônomos com pouco dinheiro ou tempo livre. Se você é um profissional das áreas de programação, design, marketing, consultoria ou mesmo produtor artesanal essas dicas de personal branding (marketing pessoal) farão total diferença em mostrar que você é realmente bom no que faz.
1- Defina sua marca
A primeira coisa que você deverá fazer é definir sua marca e discurso e o que eles realmente significam. Em outras palavras, você deve se colocar no papel do cliente, ver como quer ser percebido por eles e determinar quais promessas você está vendendo.
Para quem está começando é importante focar nas suas habilidades e esforços. O que no seu jeito de trabalhar é bom? Você pode prometer que irá se dedicar completamente e entregar um bom serviço mais cedo? Você tem o conhecimento necessário para terminar o trabalho sem problemas? Providenciará suporte e garantia de sua presença se houver algum problema? Como um iniciante, inclusive, você pode começar com um preço menor e isso sim pode ser um diferencial!
Para quem já está no mercado há mais tempo, talvez mostrar trabalhos anteriores e um portfólio bem estruturado faça ainda mais diferença para a legitimação. Aí sim você pode cobrar um valor maior com a justificativa que é bom no que faz, já fez para outras pessoas esse serviço e possui depoimentos e avaliações positivas de seu trabalho.
Até empresas grandes investem no marketing pessoal de seus líderes, então você como um freelancer não devia ignorar. Lembre-se que você está se vendendo. Fingir algo ou exagerar quem você é ou o que você faz pode até atrair alguns clientes, mas à medida que o resultado não for compatível com o que foi vendido e colocado na expectativa do cliente tudo vai desmoronar. Você tem uma chance de impressionar e cativar seus clientes e sobretudo para profissionais autônomos o pensamento em longo prazo é muito importante, isto é, se você decepcionar um cliente hoje no futuro isso poderá te prejudicar muito.
Algumas dicas para construção de sua apresentação e marca:
- Portfólio bem estruturado
- Discurso de sua marca e como você trabalha bem definido
- Avaliações e depoimentos de clientes
- Habilidades específicas ou uso de determinadas tecnologias e softwares que você domina
- Entrega rápida
- Garantia
- Suporte
- Preço
Um blog que é muito bacana para acompanhar sobre personal branding é o da Juliana Saldanha.
2- Analise sua audiência e potenciais clientes
Agora que você tem bem definidos sua marca e discurso está na hora de definir que tipo de cliente você irá buscar. Pense em seu cliente ideal seja por experiências anteriores de clientes que foram bons de trabalhar ou mesmo o que você no momento acha que é o ideal.
Algumas perguntas que podemos fazer:
- Quais são suas características?
- O que gostam de fazer?
- Qual indústria fazem parte?
- Você é especialista em alguma dessas indústrias?
- Aonde estão?
- Quais são seus hobbies?
- O que esperam de seu trabalho?
- A conversa deve ser mais técnica ou eles são leigos a respeito do que você faz?
- Estão acostumados a contratar freelancers ou profissionais autônomos ou você precisará os convencer das vantagens de trabalhar com um profissional remoto?
- Como você consegue os achar?
- Qual o melhor canal de comunicação com eles?
- Mais importante até, quais são suas necessidades e problemas que você pode resolver?
Algo que é importante é saber se comunicar com essas pessoas. Dessa forma quando você tiver a oportunidade de ter uma reunião não perderá o cliente por mal interpretações ou problemas na explicação de seu serviço.
3- Avalie quanto tempo você tem
Todos nós possuímos uma agenda cheia, mas se quisermos crescer e fortalecer nosso personal branding teremos que reservar um tempo. Pensando na realidade do dia a dia com certeza não poderá ser um tempo grande, mas a disciplina de toda semana reservar uns minutos para esse fim vão acumulativamente fazer muita diferença.
Se você quiser algumas dicas de como melhor gerenciar seu tempo, esse artigo possui muitas boas dicas para organizar seu tempo ou esse outro sobre como ser mais produtivo.
Para ser mais sucinto, pense mais ou menos quantos minutos você acredita que consegue dedicar a esse fim por semana e reserve esses minutos para apenas trabalhar com isso sem distrações. Considere, por exemplo, que não é só uma questão de postar coisas online, mas também de responder comentários e e-mails mais rapidamente, monitorar as estatísticas de suas redes e sites e atualizar seus materiais de divulgação ou venda.
Aproveite para conferir nossos artigos sobre produtividade:
- 8 Dicas para ser mais produtivo
- 12 dicas de como usar o Gmail e ser mais produtivo
- Você não é a sua produtividade. Diminua a velocidade
Quanto mais tempo você conseguir dedicar a esse fim, melhores serão os resultados à medida que o tempo passa. Sou suspeito para falar, mas 15 minutos todos os dias de concentração nesse ponto já vão fazer muita diferença no alinhamento do seu discurso, atualização de seus materiais e aproximação com seus clientes.
4- Construa sua presença online
A forma mais barata e fácil de se construir uma marca pessoal hoje é através de uma forte presença online. Principalmente se você trabalha como alguma área digital, seus perfis sociais juntamente com seu portfólio e, dependendo, blog ou site são suas maiores ferramentas para te fortalecer e legitimar para os clientes.
Especialmente, preste atenção nos seguintes pontos:
- Tenha seu perfil do LinkedIn atualizado e completo, preferencialmente com mais de 500 conexões profissionais.
- Seu twitter esteja cheio de links e comentários relacionados com o seu mercado.
- Crie painéis no Pinterest relacionados ao seu mercado, deixando um em destaque com links para seus próprios conteúdos.
- Tenha um website com sua biografia, portfólio e uma forma clara de como entrar em contato com você.
- Coloque o seu Facebook o mais privado possível se você não o usa para fins profissionais. Naturalmente se usa para fins profissionais, mantenha-o público e evite postar coisas pessoais.
- Para simplificar, utilize um aplicativo como o Hootsuite para agendar postagens em todas essas mídias.
- Para levar um passo adiante, tenha um perfil no Instagram com seus trabalhos.
- Considere criar um canal no YouTube.
5- Escreva sobre seu mercado e publique
Um dos termos mais utilizados hoje para a relação de legitimar alguém ou considerar alguém como um bom profissional é a autoridade. Ter autoridade em um campo ou área profissional significa ser considerado como referência de conhecimento e profissionalismo.
Então, se você quer ser visto como autoridade em sua área de trabalho precisa demonstrar isso para seus potenciais clientes e audiência. Uma das melhores formas de fazer isso é escrever e publicar em seu blog, Medium ou outra plataforma de fácil acesso e divulgação ou criar vídeos no YouTube ou Facebook.
Basicamente, você precisa criar conteúdo relevante para que não só potenciais clientes te achem online através de você demonstrando sabedoria em um assunto mas também para que tenha mais um elemento de venda que o coloque na frente dos concorrentes em uma reunião com clientes.
Você pode criar seu próprio blog ou mesmo fazer ‘guest posts’ (criar um artigo que é publicado em um outro blog, normalmente mais bem estabelecidos). Recentemente até as publicações no LinkedIn estão ficando mais populares e são uma boa opção pela simplicidade e acesso já a sua base de conexões na rede.
Não fique receoso de compartilhar seus conhecimentos, mesmo que eles não sejam muitos e você esteja no início da carreira. Ensinar e escrever sobre um assunto é uma ótima forma também de melhorar naquilo que está ensinando. Algo que é importante, no entanto, é não cometer muitos erros de português e buscar uma linguagem mais clara.
6- Tente também alguns meios offline
Apesar de muitos dos trabalhos freelancer e autônomos hoje sejam feitos online, ignorar o ambiente offline é pode significar a perda de muitas oportunidades. Congressos, workshops, palestras e mídias tradicionais são canais que ainda trazem muitas conexões importantes e clientes. Sem contar que pode te colocar como autoridade rapidamente.
Dessa forma, se você tiver a oportunidade de apresentar algo em um congresso, escrever um artigo para um jornal ou mesmo participar de um workshop, aproveite e use os tradicionais cartões de visita para expandir sua rede de conexões – seu network.
Mesmo pequenos eventos e reuniões podem trazer muitos bons resultados e situações. Nunca sabemos o que pode acontecer, mas em geral quanto mais pessoas conhecemos e nos colocamos como referência em uma área, maior nossas chances de sermos reconhecidos.
Em conclusão
Eu adoro trabalhar autonomamente, como um freelancer. No início realmente tudo pode parecer muito complexo e difícil de gerenciar, mas com um pouco de persistência e prática você pode começar a ser reconhecido e a tanta desejada autoridade acontece.
Se você gostou desse artigo, considere compartilhar e deixar seu e-mail para receber novidades e promoções. Você trabalha como um/a profissional autônomo/a? Conte aqui sua experiência e o que você acha que te ajudou a conseguir mais clientes e ser reconhecido/a no mercado.
Divirta-se!
4 Comentários
Pietro Mauro · Comentou na Página Como estruturar seu negócio como freelancer?
Parabens pelo otimo conteúdo de post.. poderia falar tambem sobre como montar conteúdo ?
Olá Pietro, obrigado pelo comentário e fiquei feliz que curtiu! Adorei a sugestão e já foi para meu calendário editorial aqui, em breve publicarei algo nessa linha. Um abraço!
Muito bom o texto, André! Realmente é um desafio para freelancers entender a proposta de valor que possuem frente a tantos concorrentes, entender que seu posicionamento é único, tendo uma postura firme ao oferecer os serviços e lidar com potenciais clientes. As dicas são ótimas!
Muito obrigado pelo comentário Juliana Saldanha!