E-mail – Reflexão da semana #13. Enviado em 25 de Setembro de 2019.

Olá, olá!

Qual foi a última vez que você juntou 1 + 1 e o resultado foi maior do que a soma?

Pois isso é exatamente o que acontece quando juntamos dois indivíduos únicos em uma parceria de sucesso. O resultado final deve ser maior do que a mera soma das duas pessoas.

Parcerias. É sobre isso que quero comentar no e-mail de hoje.

Mesmo que você já trabalhe autonomamente ou então está dentro de uma corporação com outros indivíduos em seu escritório, mais cedo ou mais tarde vai trabalhar com outro indivíduo.

Desde criança aprendemos a fazer os “trabalhos em grupo”, não é mesmo? Então fomos preparados para isso.

Mas será mesmo?

Será que a maneira que fomos instruídos a trabalhar como equipe é mesmo o melhor jeito?

Eu não posso falar por todas as escolas e entendo que há muitas boas e diferentes instituições por aí. Mas ouso dizer que a maior parte das escolas segue um currículo baseado no que a indústria pede de nós e não no que realmente nos fará desenvolver senso crítico, colaboração, habilidades autodidata ou inteligência emocional.

Talvez você já recebeu, nos seus anos de escola, instruções para fazer um trabalho em grupo.

“Junte-se com mais 3 colegas, discutam o problema e façam o exercício para entregar.”

Aí na prática o que acontece?

Conversa fiada, divisão de tarefas e entrega corrida.

A divisão de tarefas é uma maneira excelente de fazer os trabalhos rapidamente. O Fordismo já nos ensinou o método há muitas décadas. Então acaba que nós mesmos tendemos a seguir esse caminho. Nas escolas, nos trabalhos e até em casa.

Não sei dizer quantas vezes na Faculdade o dia de entrega dos trabalhos era basicamente o dia de juntar os capítulos que cada pessoa escreveu sozinha, imprimir e torcer para que o que o outro fez esteja bom.

Isso é assim por que é mais fácil e somos seres que buscam o caminho de menor atrito.

Pra que ficar discutindo com o outro? Pra que debater sobre detalhes no projeto?

É mais fácil ou dividir as tarefas, ou não fazer nada e deixar para o outro (os caroneiros) ou então duvidar da capacidade do outro e fazer tudo sozinho (os nerds).

O resultado de trabalhos e projetos assim provavelmente será a simples soma das capacidades dos seus integrantes.

Dois caroneiros (1 + 1) + um nerd (3) + um normal (2) = 7

E essa possivelmente será a nota mesmo do trabalho…

O que poucas instituições de ensino e famílias (sim, isso é ensinado em casa também) não promovem é um entendimento de que há um jeito mais interessante de se fazer as coisas.

E esse jeito é a colaboração. A parceria. A construção em conjunto.
Somos seres limitados. Nossas ideias do mundo são limitadas. Nossas formas de compreender a vida só parecem as melhores e mais certas porque só temos nós mesmos como pontos de vista.

Em uma palestra no TED, Kathryn Schulz explica de um jeito muito legal qual é a sensação que temos quando estamos errados mas ainda não sabemos que estamos errados.

A sensação é como se estivéssemos certos.

Se partimos do pressuposto que nossa visão de mundo é a melhor e mais correta, estamos perdendo a oportunidade de crescer e de nos desenvolver.

Isto é, nos dispomos a apenas contribuir com nosso numerozinho na equação e nada mais.

A partir do momento que nos abrimos para a possibilidade de que não temos todas as respostas e nos esforçamos para debater e ouvir o outro, passamos então a realmente contribuir.

Ficamos abertos para inovar.

Inovação é uma palavrinha legal e a melhor definição que já ouvi veio de um evento de Startups uns anos aí pra trás.

“Imagine que na sua cabeça está cheio de bolinhas navegando. Essas bolinhas são seus conceitos e conhecimentos. Quando uma bolinha esbarra na outra que não tem nada a ver com ela, você pode ter uma ideia inovadora.”

Não foi exatamente com essas palavras, mas a ideia é que a inovação vem quando juntamos ideias que podem até não fazer muito sentido a primeira vista.

Em 1995, o olhar para um arquivo de pastas e documentos daqueles de ferro, um doidão tropeça no fio da internet discada do escritório. E pensa:

“O que acontece se eu juntar um arquivo desses com a internet?”

E aí coisas como Google, Bing e outros buscadores surgem.

Se quiser alguns exemplos, Apple, Microsoft, Google e muitas outras empresas inovadoras que hoje temos como referência surgiram não da mente de uma única pessoa, mas sim da colaboração de sócios e fundadores. Os mais populares acabam ganhando mais crédito, mas duvido muito que o trabalho em si era do tipo “cada um faz sua parte e é isso aí, ok?”

Passei por toda essa explicação para dizer que toda vez que estamos trabalhando com outro indivíduo temos a oportunidade de transformar, refinar e melhorar nossas ideias e concepções do mundo.

Boas parcerias juntam o que cada um tem de melhor. Sim. Mas também agregam algo a mais.

O resultado de boas parcerias contém também a inovação, o trabalho que só seria possível em conjunto e o crescimento de cada um envolvido.

Ao buscar fazer parcerias, acredito que devemos buscar não só as permutas, os “cada um faz sua parte” e por aí vai. É muito mais interessante buscar a construção de novas realidades que não teríamos capacidade de pensar sozinhos.

Um abraço,
André
Divirta-se!
PS: Adorei receber as várias respostas do último e-mail e reforço que adoro receber seus comentários e reflexões. Buscarei responder a todos durante a semana 🙂