E-mail – Reflexão da semana #06. Enviado em 28 de Março de 2019.
Estava ouvindo o audiolivro do Trabalhe 4 horas por semana do Tim Ferriss e uma frase me bateu com bastante força:
Você está jogando um jogo que vale a pena ganhar?
Logo me lembrei de uma história que aconteceu comigo.
Quando criança, minha mãe me levava em um médio homeopata que gostava muito. Ele é uma daquelas pessoas que parece que compreende o ser humano completamente e suas análises sobre os problemas que enfrentamos são supreendentes.
Em 2016 resolvi voltar para uma consulta. Nessa época eu tocava duas empresas ao mesmo tempo e estava estressado, pouco motivado e com um sentimento de prisão.
Após desabafar do meu jeito na consulta, ele trouxe várias reflexões e uma em específico foi um divisor de águas pra mim. Ele disse:
“Será que você não está obstinado com os projetos de tecnologia e startups/empresas? Uma obstinação que fez com que não questionasse mais se realmente ainda quer isso pra sua vida. Talvez quando começou esse era o grande objetivo, mas e agora? Ainda faz sentido?”
Por mais simples que essa reflexão seja, eu realmente não tinha parado para pensar se o objetivo que coloquei no início da minha vida profissional ainda fazia sentido.
Eu queria criar uma empresa de tecnologia, fazer ela crescer, virar milhonário e “deixar meu legado no mundo”.
Quando então parei para pensar, o que percebi era que realmente aquilo tinha se tornado uma obstinação. “Eu estou indo nesse caminho porque esse é o meu caminho”.
Alguns poucos meses depois dessa consulta eu não estava mais trabalhando nas duas empresas.
Minha análise naquele momento me mostrou dois grandes problemas.
Em primeiro lugar, nós mudamos com o tempo. Depois de alguns anos estudando, trabalhando e refletindo sobre a vida, minhas vontades, desejos e objetivos também mudaram. O que eu considerava como importante não era o mesmo de quando comecei a querer ter uma empresa de tecnologia. Meus grandes mentores não eram mais grandes empresários.
Em segundo lugar, me dei conta que o jogo que estava jogando era uma maratona de uma vida inteira num estilo de vida que não era bem o que eu queria. Não queria ficar virando noite e dia trabalhando. Não gostava do estresse constante. Não apreciei a pressão da velocidade. Tudo isso para depois de anos e anos chegar…aonde mesmo? Isto é, descobri que era um jogo que não valia a pena ser vencido.
O jogo é um trabalho, um hobby, um estudo, um relacionamento, etc. O conjunto das ações junto com suas coisas boas e ruins. Um jogo pode ser chato, mas se for rápido e os benefícios forem grandes pode ser que valha a pena ser vencido.
Alguns jogos são prazerosos e interessantes de aproveitar o próprio jogo. Já outros, queremos que só chegue ao fim para recebermos suas recompensas.
Fazer uma reflexão honesta sobre os jogos que estamos jogando, no entanto, não é algo tão simples.
E se é um jogo que já está jogando há um bom tempo…então é mais difícil ainda pois o nosso ego tende a pensar coisas do tipo “não tem mais volta” ou “vou jogar tudo isso fora?”
Quando há um pensamento de amor, liberdade e honestidade com a gente mesmo nessas análises, não há resposta errada ou certa no final. Simplesmente o caminho que decidimos seguir.
No meu caso, eu preferi seguir um caminho de autonomia profissional. Agora é sua vez de refletir e pensar o que é realmente importante para você. Se tiver querendo refletir com alguém, me manda um e-mail. Vai que podemos nos ajudar.
Um abraço,
André
Divirta-se!
2 Comentários
Salve Lug, legal esse texto cara.
Tô vivendo um pouco esse dilema. Acabei de entrar no mestrado e estou entre 2 caminhos possíveis de pesquisa. Ambos estão no campo da educação e da produção de conhecimento, porém um está mais focado no desenvolvimento de aplicativos para educação, e outro na importância do contato humano no aprendizado online (relação entre tutor e aluno, facilitador e aprendiz, etc…)
No primeiro caso, o tecnológico, me vislumbro fazendo um doutorado na Alemanha, desenvolvendo o aplicativo que resultará das minhas pesquisas. Neste caso, nunca mexi com isso, então todo o conhecimento adquirido será novo, porém é um caminho bem mais incerto e arriscado, pois não sei exatamente se isso vai dar aonde quero (ter uma empresa de tecnologia rsss)
No segundo caso, tem mais a ver com o que eu já faço na atualidade. Dou aulas, escrevo roteiros, enfim, é um caminho já dado, e hoje me parece um pouco “sem graça”, sem novidade ou desafios, apesar de que é o caminho que está mais posto pra mim.
O primeiro caminho me dá um tesão maior, porém joga com essa megalomania de querer fazer coisas longas e grandiosas e fodas, por outro lado, aprenderei coisas importantes que ainda não vi em experiência nenhuma que tive até o momento.
O segundo caminho me remete um pouco a uma coisa mais natural pra mim, como um papel de consultoria, facilitação de aprendizagem ou algo assim.
Acho que algumas relações têm me mostrado um pouco qual é o melhor caminho para esse momento, mas achei interessante que vcê compartilhou essa ambição do passado de ter uma empresa bem sucedida e tal, e isso tocou no momento que estou vivendo.
Grande abraço
Enfim, acho que algumas relações estão me mostrando qual caminho é o certo a se tomar agora
Fala Gustavo! Tudo bem? Que legal seu comentário, obrigado por compartilhar um pouco do seu momento.
Primeiro, que sensacionais esses temas que escolheu. Estão muito ligados ao que gosto também de estudar, então já deixo um pedido se quiser compartilhar alguns desses estudos ou referências que está pesquisando 🙂
Segundo, de fato esse tipo de decisão é bem interessante. Esse último mês mesmo estava jogando alguns papeis fora e me deparei com uma matriz de decisão que tinha feito lá em 2015 ou 2016 para decidir se ia continuar com a empresa, começar a uma nova empresa (Iglu) ou trabalhar com venda e seguros (tinha sido indicado e tinha iniciado o processo na Prudential). E aí nessa matriz eu coloquei os prós e contras para vários pontos que eram importantes pra mim (liberdade, quantidade de trabalho, oportunidade, segurança, etc). Aí quando colocamos tudo assim organizado fica mais fácil de decidir 🙂
Espero que goste da decisão que tomar. Minha perspectiva é que nesses casos não há decisões certas ou erradas, mas sim as decisões que escolhemos.
Um abraço!