Mesmo hoje, depois de vários anos trabalhando como Freelancer, ainda tem familiares e amigos que acham que faço bico e ficam me mandando vagas de trabalho.

Pois é…

Em alguns outros países, como os Estados Unidos, a ideia de freelancer já está um pouco mais madura. Inclusive, há previsão que nos próximos 10 anos metade da força de trabalho lá seja de Freelancers.

Seja pela automação de grandes empresas ou por crises econômicas, ir pelo lado da autonomia profissional muitas vezes não é uma escolha. No entanto, eu e muitos outros bons profissionais consideramos como uma das melhores escolhas que podemos fazer para nossa vida.

Para explicar um pouco mais sobre as razões pelas quais acredito que ser freelancer não é bico, vou passar aqui nesse artigo pelos tópicos:

  • Segurança financeira
  • Liberdade
  • Trabalho que importa

Mas antes, precisamos entender por que ainda falam que estamos fazendo bicos.

Por que freelancer tem fama de bico?

Vivemos numa sociedade que valoriza muito a segurança de um emprego tradicional. Isto é, nossas famílias, amigos e escolas adoram martelar na nossa cabeça que devemos seguir o caminhozinho:

  1. Terminar a escola
  2. Fazer uma faculdade ou curso técnico
  3. Arrumar um emprego numa empresa
  4. Aposentar para curtir a vida

Pode ser que você tenha sido influenciado por uma referência diferente da minha nesse caminho, mas ouso dizer que uma grande parte das pessoas tem como base algum tipo de jornada similar a essa como referência.

O problema dessa jornada é que ela visa a formação e desenvolvimento de indivíduos que vivem para o trabalho e dão a vida pelas empresas que são contratados.

Aí, quando uma pessoa é demitida, pensa em trocar de profissão ou quer aumentar um pouco a renda com trabalhos extras, há finalmente a busca por “bicos”.

Um bico é um trabalhinho aqui e alí. Algo provisório que serve um propósito imediato. Ele não precisa ser tão bem feito ou mesmo ter muita atenção pois seu intuito é ter um retorno no curto prazo. Até nem precisa gostar tanto de o fazer já que sabemos que rapidamente vamos voltar para a rotina do trabalho formal.

“Fazer um freela alí”

Há uns meses um grande amigo me disse que não gosta de ser chamado de freelancer exatamente porque já carrega essa conotação. Eu mesmo acho bem chato quando um parceiro ou cliente me pergunta “se estou fazendo freelas ainda”.

….fazendo freelas ainda

Até na frase já carrega a ideia de que pode ser que isso acabe logo.

Meu querido leitor ou leitora, esse não é o tipo de freelancer que somos e queremos ser.

Nossa missão é quebrar esse preconceito e mostrar que ser freelancer, ser eupreendedor(a) ou ser um(a) profissional autônomo(a) é querer realizar um trabalho com propósito, amor e que realmente importa. Algo que estamos fazendo para realizar nossa missão de contribuição para o mundo.

Ser freelancer é o caminho para uma vida de mais sentido e segurança; e vou te mostrar exatamente porque acredito nisso.

Segurança financeira

Há uma ideia de que temo mais segurança num trabalho tradicional do que num trabalho como profissionais autônomos.

A insegurança do trabalho tradicional

Eu entendo essa ideia no papel: Uma empresa, em teoria, tem mais estabilidade e há várias pessoas alí dando seu melhor para gerar oportunidades. Quanto maior a empresa, mais estabilidade. Afinal, o mercado não vai decepcionar uma empresona dessas ne?

Já na prática, a coisa é um pouco mais complicada.

  • Funcionários recebem seus salários atrasados
  • A qualquer momento podem ser demitidos (seja por justas causas ou injustas)
  • Há pressão para performances muitas vezes irreais
  • Acumulo de função pode ser ilegal mas “faz parte” da vida de muitos
  • Desigualdade de gênero, racismo e outros preconceitos fazem parte da estrutura
  • Por aí vai…

Eu tenho mais conhecidos inseguros com seus trabalhos tradicionais do que, de fato, seguros. É um parente que a empresa não pagou salários por alguns meses, é amigo que ganha uma mixaria porque “trabalha num ambiente cool de startup” e são muitos que estão estressados pois “a empresa está cortando gastos e pessoal”.

Olha, eu já tive empresa com funcionários e conheço inúmeros outros empresários. Essa segurança é ilusória!

A segurança do trabalho freelancer

Antes de iniciar, quando falamos de segurança ou insegurança estamos falando da nossa percepção. No fundo, não há nesse mundo uma segurança objetiva. Até mesmo já vi servidor público sendo demitido – mesmo que difícil.

Quando trabalhamos como profissionais autônomos, temos os mesmos dilemas de insegurança que empresas. Será que vamos ter clientes, será que vamos conseguir pagar as contas?

No entanto, ao contrário de uma empresa com várias engrenagens rodando que não controlamos, no trabalho freelancer nós temos o controle. Isto é, nós podemos agir e assumir a responsabilidade pelo sucesso.

Eu não sei com o que você trabalha, mas se o seu mercado segue mais ou menos as dezenas de outros que tenho notícia, é possível que haja uma abundância de oportunidades e de pessoas ou empresas querendo o seu serviço.

Pessoas e empresas que possuem os problemas que você resolve através do seu ofício.

Se eles vão buscar uma empresa ou um profissional freelancer para resolver, aí já é um questão das estratégias que você vai usar para conquistá-los. É algo que depende de você.

E depender de nós é bom? SIM! Afinal, é muito mais fácil a gente confiar em nós mesmos para nossa segurança do que em dezenas de outras pessoas que podem não estar dando o seu melhor.

Esse é um dos pontos. Já outro, que é muito mais interessante até, é que ganhamos mais fazendo o trabalho como profissionais independentes.

Pensa comigo, quando alguém contrata uma empresa, há uma série de gastos, funcionários, ferramentas, alugueis de imóveis, etc que o valor do serviço precisa cobrir.

Agora, se você pode oferecer o mesmo serviço diretamente para o cliente, pode cobrar muito um valor menor para o cliente e ainda assim ganhar mais do que como funcionário da empresa.

Um exemplo:

Se você for fazer um site numa agência, provavelmente receberá um orçamento que pode variar de R$ 5000 a R$ 20000 para um site institucional.

Se você for direto num freelancer, ele vai te cobrar de R$ 1500 a R$ 4000 pelo mesmo site.

Quer saber mais? A empresa que te cobra R$ 5000 vai contratar um freelancer por trás por R$ 1700 para fazer o site e o restante do dinheiro é só para manter os custos dessa operação de atendimento e gestão toda.

Já estou me extendendo, mas devo dizer que como freelancer você não só já começa ganhando mais mas pode melhorar seu trabalho e suas habilidades para aumentar seus valores todos os anos. Há clientes que pagariam feliz R$ 20000 por um site bem feito, mas esse site numa agência vai custar R$ 60000. Quem sabe não é você que pode pegá-lo por 20K e fazer seu mês ser mais rentável ao mesmo tempo que ajuda um cliente em sua jornada?

Liberdade

Ter liberdade, na minha visão, é ter a capacidade de fazer qualquer coisa. Pode ser que algumas coisas não valham a pena e outras não sejam corretas, mas eu tenho a liberdade de as executar se desejar.

Mais especificamente, ter liberdade é ter a capacidade de julgar e entender qual é o melhor caminho a seguir.

Quando estamos num trabalho tradicional dentro de uma instituição ou empresa, raramente temos liberdade.

Na maior parte das vezes não temos a capacidade de decidir aonde vamos trabalhar, em que horário vamos trabalhar, com o que vamos trabalhar ou com quem vamos trabalhar.

Simplesmente recebemos tarefas e temos que executá-las, senão não há sentido para estarmos alí ocupando um posto de trabalho cuja ação é aquela.

Isso é não ter liberdade.

Como profissionais autônomos, basta inverter todas as frases acima. Um freelancer pode trabalhar de onde quer, na hora que quiser, com quem quiser e com o trabalho que deseja realizar.

Há momentos que trabalhamos com clientes chatos e com trabalhos complicados? Claro! Mas tudo isso partiu de uma decisão nossa.

Se estou com um cliente difícil, foi porque fez sentido para mim naquele momento – seja por dinheiro ou oportunidade. Não é porque um chefe me obrigou a fazer algo, mas sim por uma escolha.

Pode ser que você seja uma pessoa que esteja tranquila em não ter essa liberdade e está tudo bem. No entanto, eu nunca consegui viver sem ela.

Trabalho que importa

Para finalizarmos esse artigo, quero falar sobre trabalho que importa.

Fazer um trabalho que importa, no meu ver, é chegar no final do dia e pensar: Poxa, hoje eu contribuí para o mundo com algo importante.

Reconheço que esse tipo de sentimento pode vir quando trabalhamos num ambiente mais tradicional. Vejo isso, inclusive, em alguns professores e funcionários de startups pois estou mais próximo.

Eu mesmo já me senti assim quando trabalhei dentro de uma empresa como gestor de projetos.

Porém, sei de muitos funcionários por aí que só fazem trabalhos mecânicos ou burocráticos e que não conseguem ver seus esforços refletindo num desenvolvimento geral da empresa.

Imagine uma pessoa que faz um trabalho dentro de uma empresa de 50 mil pessoas. Tem até uma impressão de que se trocar lá por outra pessoa não vai fazer muita diferença.

Quando eu trabalhei como salva-vidas num resort nos Estados Unidos eu tive exatamente essa impressão. Haviam mais uns 150 salva-vidas e o tempo inteiro entravam novos e saíam antigos.

Quando pedi demissão foi algo tão banal que pouco importava para a empresa.

Estar num lugar assim é difícil identificar que nosso trabalho importa.

Numa carreira como profissional freelancer, no entanto, estamos lidando diretamente com nossos clientes e nós mesmos estamos os impactando. Quando eu fiz uma massagem há umas semanas, aquela massoterapeuta me impactou diretamente. Ela, como profissional independente, me atendeu e causou um impacto positivo na minha vida.

Quando eu entrego um site para um cliente, sei que estou impactando diretamente ele.

Esse sentimento de fazer algo que importa e de contribuição para o mundo é muito poderoso e é mais fácil conseguir ele trabalhando como freelancer ou autônomo do que dentro de uma grande empresa.

Conclusão

Nesse artigo mostrei um pouco do porquê ainda hoje há pessoas que pensam no trabalho freelancer como bico. Em seguida, busquei desconstruír um pouco alguns dos preconceitos através do questionamento da segurança, liberdade e da realização de um trabalho que importa.

Quero também saber a sua opinião sobre o trabalho freelancer! Deixa abaixo nos comentários.

Divirta-se!