DOGE critica busca documentos sobre uso de IA
FIRST IN SHIFT: Um grupo que tem se destacado como um dos maiores entraves para a administração Trump está, hoje, submetendo pedidos de acesso a informações públicas a mais de meia dúzia de agências federais. O grupo busca dados sobre o uso de inteligência artificial para tomar decisões de pessoal.
A lista de alvos da Democracy Forward não surpreende quem acompanha o início do segundo mandato do presidente Donald Trump. Entre os alvos estão DOGE, USAID, o Escritório de Gestão de Pessoal, a Administração de Serviços Gerais e os Departamentos de Estado, do Tesouro e de Defesa.
“DOGE e esta administração operam sob um manto de segredo, e suas táticas de ‘governar pelo caos’ só tornaram o governo menos eficiente, causando transtornos à nossa segurança”, afirmou Skye Perryman, presidente da organização.
A velocidade com que a administração Trump implementa políticas importantes – aliada à opacidade concedida a DOGE mesmo diante de erros e exageros supostos em economia de custos – tem frustrado membros do Congresso, confundido juízes federais e revoltado grupos que defendem um governo transparente. Uma organização ambiental, o Center for Biological Diversity, entrou com uma ação sob a Lei de Liberdade de Informação (FOIA) na semana passada para obter registros relacionados ao DOGE.
A Democracy Forward afirmou que a investigação foi motivada pelas mensagens em massa enviadas a funcionários federais – diversas delas procedentes de endereços de e-mail do OPM, mas que parecem ter origem em Elon Musk e seus seguidores do DOGE – e por relatos de que a administração Trump pode utilizar ferramentas de IA, como grandes modelos de linguagem, para analisar essas mensagens.
Outra leva de e-mails foi enviada recentemente solicitando que servidores públicos apresentassem cinco tópicos sobre realizações da semana anterior. O primeiro pedido recebeu respostas contraditórias de diferentes líderes de agências, mas gerou cerca de um milhão de respostas, segundo informou a Casa Branca.
Seria bastante ineficiente – para dizer o mínimo – que pessoas do governo tivessem que analisar essa montanha de informações, o que levanta suspeitas de que o formato foi concebido para ser processado por inteligência artificial.
“O povo americano merece saber o que está acontecendo – inclusive se, e como, a inteligência artificial está sendo usada para remodelar os departamentos e agências dos quais dependem diariamente”, concluiu Perryman.
Ao Redor das Agências
ESCRITÓRIO DE CONSIDERAÇÃO ESPECIAL: Um juiz federal determinou, no último sábado, que a demissão de um fiscal da força de trabalho federal pelo presidente Donald Trump foi ilegal, preparando o cenário para um confronto na Suprema Corte sobre a alegação do presidente de controle quase absoluto sobre o Poder Executivo. A juíza distrital Amy Berman Jackson concluiu que Hampton Dellinger – confirmado no ano passado como chefe do Escritório de Conselho Especial – pode continuar cumprindo seu mandato de cinco anos, mesmo após a tentativa de remoção por e-mail no mês passado.
Jackson ressaltou que as funções de Dellinger – que incluem responsabilizar autoridades do Executivo por infrações éticas e atender denúncias de denunciantes – devem ser desempenhadas de forma independente do presidente, tornando o cargo uma rara exceção ao domínio geralmente vasto do chefe do Executivo.
Em uma opinião de 67 páginas, a juíza escreveu: “A independência de Dellinger está inextricavelmente ligada ao desempenho de suas funções. Eliminar as restrições à sua remoção seria fatal para a característica definidora e essencial do Escritório de Conselho Especial, como concebido pelo Congresso e sancionado pelo Presidente. Concluímos que elas devem permanecer.”
Impacto Indireto no MSPB
Ray Limon, nomeado democrata no Conselho de Proteção dos Sistemas de Mérito (MSPB), anunciou sua aposentadoria na última sexta-feira, com o termo de seu mandato no painel de três membros se encerrando. Com a saída de Limon, o conselho ficou com a presidente democrata Cathy Harris e o republicano Henry Kerner, embora Trump tenha demitido Harris em meados de fevereiro, designando Kerner como sua substituta. Um juiz federal reverteu rapidamente a demissão de Harris em caráter temporário, aguardando novas decisões judiciais.
O MSPB, uma agência geralmente discreta, analisa recursos de trabalhadores federais que contestam ações de emprego adversas supostamente contrárias às regras do serviço público. Embora o conselho possa deliberar sobre casos sem um terceiro membro, isso abre espaço para impasses partidários que podem deixar questões sem solução por períodos prolongados – uma perspectiva preocupante para os numerosos funcionários demitidos pela administração Trump que buscam reverter suas demissões. Caso Trump consiga, em tribunal, a destituição de Harris, o MSPB ficará sem quórum até que a Casa Branca designe novos membros e o Senado os confirme.
Redução de Pessoal na SSA
A Administração da Previdência Social (SSA) anunciou, na última sexta-feira, a intenção de reduzir mais de 10% de seu quadro, cortando 7 mil funcionários de um total de aproximadamente 57 mil colaboradores.
“A agência planeja reduzir o tamanho de sua força de trabalho inchada e sua estrutura organizacional, com foco significativo nas funções e empregados que não prestam serviços essenciais à missão”, afirmou um comunicado da SSA, acrescentando que “os boatos sobre uma redução de 50% são falsos.”
A SSA também informou que fechará seis de suas dez agências regionais, restando apenas quatro. Em dias recentes, a agência anunciou ainda o encerramento do Escritório de Transformação, considerado “excessivo”, e do Escritório de Direitos Civis e Oportunidades Iguais, classificado como “duplicado”. Funcionários de ambas as áreas foram afastados administrativamente.
No Congresso
VERIFICAÇÃO NO CONGRESSO: O presidente da Comissão de Fiscalização da Câmara inaugurou, na última sexta-feira, uma investigação sobre dezenas de agências federais para examinar contratações realizadas no final da administração Biden. Em cartas enviadas a 24 departamentos e outras agências, o deputado James Comer (R-Ky.) solicitou detalhes sobre todos os novos funcionários contratados entre o início de 2024 e 20 de janeiro deste ano, data da posse do presidente Trump, além dos nomes de todos os cargos políticos da administração Biden que permaneceram no Poder Executivo.
“Estamos preocupados com vagas e contratações que não respondem às reais necessidades das agências, mas a objetivos políticos, incluindo o desejo de ‘inmunizar’ as equipes contra as propostas do presidente Trump, mediante a inserção de pessoal contrário à sua agenda”, afirmou Comer em suas cartas aos atuais líderes dos diversos ramos executivos.
Medidas Relacionadas aos Sindicatos
O Escritório de Gestão de Pessoal orientou, na semana passada, que as agências detalhem o tempo que delegados sindicais e outros funcionários federais dedicam a atividades relacionadas aos sindicatos. Em um memorando, o OPM solicitou que cada órgão respondesse até 14 de março com informações sobre o tempo contabilizado para negociações contratuais, resolução de conflitos e outras despesas, como o uso de espaço em escritórios governamentais, além de dados sobre os cargos e remunerações dos representantes sindicais.
O comunicado pediu uma prestação de contas mais detalhada referente ao exercício fiscal de 2024 – que se estendeu até 30 de setembro – a ser apresentada no início de abril. Os republicanos já criticavam há tempos a permissão de que representantes sindicais realizem atividades laborais durante o expediente, classificando-o como um desperdício.
No Ambiente de Trabalho
ESPIONAGEM NO SETOR PÚBLICO: A política agressiva adotada pela administração Trump em relação aos funcionários federais tem gerado um grupo de ex-funcionários descontentes, que agora atrai o interesse de países como Rússia e China, segundo informações da CNN.
“Pelo menos dois países já criaram sites de recrutamento e começaram a direcionar suas campanhas no LinkedIn para funcionários federais”, afirmaram duas fontes. Um documento do Serviço de Investigação Criminal Naval apontou, com “alta confiança”, que adversários estrangeiros estariam tentando recrutar funcionários federais e “capitalizar” os planos da administração Trump para demissões em massa.
Imigração em Debate
CIRCUS CHEGANDO: Os prefeitos democratas de Nova York, Boston, Chicago e Denver devem depor na próxima quarta-feira perante a Câmara sobre suas políticas de “cidades santuário”, que restringem a cooperação com as autoridades federais de imigração. Em reunião privada, o presidente da Comissão de Fiscalização, James Comer, conversou com Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca e responsável por algumas das medidas mais enérgicas de Trump para combater a imigração ilegal.
Um dos objetivos é reproduzir momentos dramáticos semelhantes aos ouvidos nas audiências sobre antissemitismo em universidades no ano passado, que culminaram na saída de vários reitores de instituições da Ivy League.