OpenAI atinge 400 milhões de usuários ativos semanais, apesar do surgimento do DeepSeek

Por Kate Rooney, CNBC • Publicado há 6 horas • Atualizado há 3 horas

A empresa de inteligência artificial OpenAI atingiu a marca de 400 milhões de usuários ativos semanais em fevereiro, representando um aumento de 33% em menos de três meses, conforme afirmou Brad Lightcap, diretor de operações da companhia, em entrevista à CNBC. Segundo Lightcap, esse crescimento natural reflete a utilidade e o valor que as pessoas têm encontrado na ferramenta ChatGPT, que, ao se tornar mais familiar, vem conquistando um público cada vez mais amplo.

“As pessoas ouvem falar disso pelo boca a boca. Elas reconhecem a utilidade da ferramenta e veem amigos utilizando-a. Há, de maneira geral, um efeito pelo qual as pessoas realmente desejam essas soluções e percebem o quanto elas são valiosas”, declarou Lightcap.

O crescimento orgânico no segmento de consumidores também tem repercutido no negócio corporativo. A OpenAI agora conta com 2 milhões de clientes empresariais que pagam pelo serviço, número que praticamente dobrou em relação a setembro. Muitos funcionários utilizam o ChatGPT de forma pessoal e, ao perceberem os benefícios, sugerem à empresa em que trabalham a adoção da tecnologia.

“Colhemos uma série de benefícios e um impulso natural gerado pela adoção orgânica, já que as pessoas já estão familiarizadas com o produto. Esse é um crescimento saudável, mas em uma curva diferenciada”, afirmou Lightcap.

A adoção da tecnologia entre desenvolvedores também registrou um crescimento expressivo. Nos últimos seis meses, o tráfego de desenvolvedores dobrou e, em alguns casos, quintuplicou para o modelo de “raciocínio” chamado o3. Empresas como Uber, Morgan Stanley, Moderna e T-Mobile estão entre os maiores clientes corporativos da OpenAI, que, segundo o executivo, encara esse uso de forma semelhante ao que ocorreu com os serviços de computação em nuvem, pioneiros com a Amazon Web Services.

Enquanto o segmento de consumidores tende a crescer rapidamente, o desenvolvimento do negócio corporativo passa por um ciclo de aprendizado e construção, com a adoção ainda em processo de escalonamento. “A inteligência artificial vai se comportar como os serviços em nuvem. Foi se tornando indispensável para qualquer negócio que deseja aproveitar ao máximo os modelos poderosos que estão operando nos bastidores”, enfatizou Lightcap.

O impacto do DeepSeek

O crescimento da OpenAI ocorre em meio à intensificação da concorrência, especialmente com o surgimento do concorrente chinês DeepSeek. O anúncio desse novo player no mercado, em janeiro, abalou os mercados de tecnologia, já que investidores temiam que a concorrência pudesse comprometer a lucratividade futura das empresas de inteligência artificial sediadas nos Estados Unidos, abalando sua posição dominante.

Na semana seguinte, a OpenAI acusou o DeepSeek de coletar indevidamente seus modelos utilizando uma técnica conhecida como destilação. Ainda assim, Lightcap ressaltou que a presença do DeepSeek não alterou a estratégia da empresa, nem sua visão sobre o código aberto ou seus planos de investimentos maciços.

“O DeepSeek é um indicativo de como a inteligência artificial entrou fortemente na consciência pública. Há dois anos, algo assim seria impensável. Esse é um momento que demonstra o poder desses modelos e o quanto as pessoas realmente se importam”, comentou.

Desafios e disputas no cenário legal

Além da competição tecnológica, a OpenAI também enfrenta desafios no campo jurídico. O bilionário Elon Musk, um dos cofundadores da empresa, entrou com uma ação processual contra a companhia por quebra de contrato, devido à tentativa desta de se converter em uma empresa com fins lucrativos. Enquanto isso, a Microsoft investiu bilhões na OpenAI e a SoftBank está perto de concretizar um investimento de US$ 40 bilhões, o que poderia avaliar a empresa em cerca de US$ 300 bilhões, segundo fontes próximas ao negócio.

Recentemente, Musk e um grupo de investidores apresentaram uma oferta para adquirir os ativos da organização sem fins lucrativos por US$ 97,4 bilhões. Entretanto, em uma carta enviada ao advogado de Musk, o time jurídico da OpenAI afirmou que o conselho da empresa concluiu que a tão divulgada “oferta” do bilionário “na verdade não configura uma oferta real”. O presidente do conselho, Bret Taylor, declarou que a OpenAI “não está à venda”.

“Os números falam por si. Procuramos ser muito transparentes sobre nossa posição nesse cenário. (Musk) é um concorrente – ele está competindo, embora de uma forma pouco convencional”, concluiu Lightcap.