Meta traz seu teste de reconhecimento facial anti-fraude para o Reino Unido após a aprovação dos reguladores

Em outubro do ano passado, a Meta começou a experimentar duas novas ferramentas de reconhecimento facial – uma para combater golpes que se aproveitam da semelhança com celebridades e outra para auxiliar na recuperação de contas comprometidas no Facebook ou no Instagram. Agora, esse teste chega ao Reino Unido, onde ambas as ferramentas estão sendo implementadas, enquanto a proteção contra o uso indevido de imagens de celebridades também é expandida em outros países onde a tecnologia já estava ativa.

A empresa informou que obteve sinal verde de reguladores britânicos após engajar-se com eles, num momento em que o Reino Unido vem reforçando sua aposta na inteligência artificial. Ainda não há informações sobre a expansão para a Europa, outra região chave onde o teste de reconhecimento facial ainda não foi lançado.

Nas próximas semanas, figuras públicas no Reino Unido começarão a receber notificações dentro dos aplicativos, informando que podem optar por ativar a proteção “celeb bait” com tecnologia de reconhecimento facial. Tanto essa proteção quanto o novo recurso de “verificação por selfie em vídeo” – que estará disponível para todos os usuários – serão ferramentas opcionais.

A Meta, que tem um longo histórico de utilização de dados dos usuários para aprimorar seus algoritmos, destacou que, ao lançar os testes em outubro de 2024, as funcionalidades foram implementadas exclusivamente para combater anúncios fraudulentos e para verificação de identidade. “Deletamos imediatamente qualquer dado facial gerado a partir dos anúncios para essa comparação única, independentemente de nosso sistema encontrar uma correspondência, e não o usamos para qualquer outro fim”, afirmou Monika Bickert, vice-presidente de políticas de conteúdo da Meta, em uma publicação atualizada em seu blog.

Esses desenvolvimentos ocorrem em um contexto de investimento maciço da Meta em inteligência artificial. Além de desenvolver seus próprios Modelos de Linguagem de Grande Escala e integrar a IA em seus produtos, a empresa estaria trabalhando em um aplicativo autônomo de IA. A Meta também intensificou suas atividades de lobby e expressou suas preocupações em relação a aplicações consideradas arriscadas da tecnologia, especialmente aquelas que poderiam ser utilizadas de forma maliciosa.

Diante do histórico da empresa, desenvolver ferramentas que resolvam problemas imediatos nos aplicativos parece ser a melhor estratégia para conquistar a aceitação de novas funcionalidades de reconhecimento facial. Esse teste, em particular, ganha relevância, visto que a Meta vem sendo criticada há anos por não conseguir frear golpistas que exploram a imagem de celebridades para enganar usuários, inclusive promovendo investimentos duvidosos por meio de sua plataforma de anúncios.

O reconhecimento facial tem sido uma área delicada para a Meta enquanto trabalha com tecnologias de IA há diversos anos. Recentemente, a empresa concordou em pagar 1,4 bilhão de dólares para encerrar um processo judicial de longa duração no Texas, movido por alegações de coleta inadequada de dados biométricos relacionados à sua tecnologia de reconhecimento facial.

Anteriormente, em 2021, o Facebook desativou sua ferramenta de reconhecimento facial para fotos, um recurso que enfrentava inúmeros problemas regulatórios e legais em diversas jurisdições. Curiosamente, na ocasião foi confirmado que uma parte da tecnologia – o modelo DeepFace – seria mantida e incorporada em inovações futuras, possivelmente compondo a base dos produtos lançados atualmente.

Ingrid é escritora e editora da TechCrunch desde fevereiro de 2012, com base em Londres. Antes de ingressar na TechCrunch, ela trabalhou na paidContent.org, onde foi redatora, e também atuou como freelancer para outras publicações, como o Financial Times. Ingrid cobre tópicos relacionados a dispositivos móveis, mídia digital, publicidade e as interseções entre esses campos.

Quando se trata de trabalho, Ingrid se sente mais confortável utilizando o inglês, mas também possui conhecimentos em russo, espanhol e francês, nessa ordem de proficiência.