T-Mobile e Perplexity anunciam novo smartphone com IA por menos de US$ 1.000
Era inevitável que, neste MWC em Barcelona, pelo menos uma operadora revelasse um grande esforço para construir um smartphone com uma importante empresa de inteligência artificial. E aqui está: a T-Mobile, operadora móvel pertencente à Deutsche Telekom (DT), anunciou que está desenvolvendo um “AI Phone”, um aparelho de baixo custo criado em estreita colaboração com a Perplexity, a Picsart e outras, além de um novo aplicativo de assistente de IA chamado “Magenta AI”.
A operadora informou que o dispositivo será apresentado na segunda metade deste ano e que as vendas terão início em 2026, com preço inferior a US$ 1.000.
“Estamos nos tornando uma empresa de IA”, declarou Claudia Nemat, membro do conselho da DT responsável por tecnologia e inovação, durante uma conferência de imprensa. Ela ressaltou que a empresa não está construindo modelos de linguagem fundamentais, mas sim “agentes de IA”.
Esta notícia é mais um capítulo da tradicional tensão entre operadoras de telecom e gigantes da tecnologia. Durante anos, tanto as empresas de telefonia móvel quanto as de banda larga buscaram formas de competir com companhias como Apple e Google, que criaram sistemas operacionais e aparelhos que, em grande parte, eliminam a participação das operadoras na monetização dos aplicativos e na manutenção do relacionamento com os clientes.
A Perplexity, conhecida atualmente por seu motor de busca generativo, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do dispositivo, sinalizando sua estratégia de criar produtos cada vez mais “proativos”. A colaboração entre Perplexity e Deutsche Telekom já existe desde abril de 2024, e a DT havia mencionado o “AI Phone” já no Mobile World Congress do ano anterior.
Durante o evento, Aravind Srinivas, cofundador e CEO da Perplexity, afirmou: “A Perplexity está passando de ser apenas uma máquina de respostas para se transformar numa máquina de ações. O aparelho vai começar a fazer coisas por você, não apenas responder perguntas. Ele será capaz de reservar voos, fazer reservas, enviar e-mails, mensagens, realizar chamadas telefônicas e definir lembretes inteligentes.”
Nemat não detalhou as especificações do hardware nem revelou quem será o responsável pela construção e qual sistema operacional será utilizado (pelas imagens conceituais, parece se tratar de uma versão do Android). Contudo, destacou que o smartphone contará com recursos de inteligência artificial integrados, proporcionando uma experiência desenvolvida pela Perplexity “para que você possa experimentar o melhor da tecnologia – IA até na tela de bloqueio”.
Outros serviços oferecidos no aparelho contarão com inteligência artificial da Google Cloud, ElevenLabs e Picsart, conforme informado pela T-Mobile.
O Magenta AI, que será a versão em aplicativo do assistente de IA da T-Mobile, estará disponível para aqueles que desejarem instalá-lo em seus dispositivos Android ou iOS, desde que já sejam um dos 300 milhões de clientes da operadora.
Aproveitando a atual tendência por tecnologias de inteligência artificial, o AI Phone representa a mais recente tentativa da Deutsche Telekom de se firmar em um mercado altamente competitivo. Para a Perplexity, a competição não se restringe a empresas robustamente financiadas, como OpenAI e Anthropic, que também apostam em novas ferramentas de IA para o consumidor, mas envolve gigantes tecnológicos como o Google, que já incorporou sua IA Gemini em produtos básicos de busca.
“Essas são funcionalidades que, anteriormente, você teria que aprender a fazer utilizando diversos aplicativos. Em breve, tudo isso se tornará mais simples para que você possa direcionar seu tempo e energia para solucionar problemas. Essa é realmente a próxima fase, em que a IA deixará de ser apenas reativa, exigindo comandos, para estar nativamente presente no seu smartphone, sempre pronta para ouvir e ajudar de forma proativa”, destacou Srinivas.
Resta saber se a T-Mobile, a Perplexity ou ambas conseguirão conquistar seu espaço no mercado de smartphones, historicamente dominado por poucas empresas e que, com o tempo, viu até gigantes como a LG se retirarem do segmento. Essa iniciativa evidencia a força de atração da inteligência artificial e como até mesmo empresas consolidadas enxergam nela uma solução potencial, enquanto startups visionárias buscam caminhos seguros em meio a uma concorrência acirrada.