Inteligência Artificial Revoluciona o Exame do Fundo do Olho

Cientistas dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) utilizaram inteligência artificial para transformar um dispositivo oftalmológico padrão em uma ferramenta capaz de revelar detalhes celulares individuais na parte posterior do olho. A técnica aprimora imagens com resolução comparável à de aparelhos de óptica adaptativa, possibilitando diagnósticos mais precisos com um equipamento mais acessível, rápido e sem a necessidade de equipamentos especializados.

Avanços na Imagem Oftalmológica

Os oftalmoscópios, amplamente utilizados para examinar a retina, normalmente conseguem visualizar apenas estruturas a nível de tecido – como lesões, vasos sanguíneos e o disco óptico. Aparelhos equipados com óptica adaptativa podem detectar características celulares, mas permanecem restritos a ambientes experimentais. A inovação criada por Tam e colaboradores integra um sistema personalizado de inteligência artificial para aprimorar digitalmente imagens da camada de tecido situada abaixo dos fotorreceptores, conhecida como epitélio pigmentar da retina (RPE).

Como Funciona a Tecnologia

Inicialmente, o sistema foi treinado para classificar a qualidade das imagens em três níveis: ruim, moderada ou boa. Para isso, foram utilizadas mais de 1.400 imagens obtidas por meio de oftalmoscopia com óptica adaptativa, que serviram de referência para aprimorar imagens capturadas com oftalmoscopia padrão. Testes demonstraram que a clareza das imagens foi melhorada oito vezes com o auxílio da inteligência artificial. Segundo os pesquisadores, o sistema não cria detalhes inexistentes, mas potencializa elementos presentes na imagem que, de outra forma, permaneceriam pouco nítidos.

Aplicações Clínicas e Impacto no Diagnóstico

A técnica envolve o uso de um corante chamado verde de indocianina (ICG), que realça o contraste dos elementos anatômicos durante o exame. Tradicionalmente, esse corante é utilizado para examinar os vasos sanguíneos oculares, mas agora permite que as células do RPE sejam avaliadas de forma rápida e rotineira em clínicas oftalmológicas. Considerando que o RPE desempenha um papel crucial no suporte aos fotorreceptores, a melhoria na visualização dessas células pode ser decisiva para a detecção precoce e o monitoramento de diversas condições que podem levar à perda de visão, como a degeneração macular relacionada à idade e outras doenças hereditárias.

Esta descoberta demonstra como a integração da inteligência artificial com técnicas clínicas tradicionais pode transformar a maneira como as doenças são diagnosticadas e monitoradas, ampliando as possibilidades de intervenções mais eficazes e em estágios iniciais da progressão da doença.