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Financiamento de startups atinge recordes no primeiro trimestre. Mas as perspectivas para 2025 continuam desastrosas.

8:50 AM PDT · 16 de abril de 2025

Startups atraíram US$ 91,5 bilhões em capital de risco no primeiro trimestre, de acordo com o relatório mais recente do provedor de dados PitchBook. Esse valor não só supera a alocação do trimestre anterior em 18,5%, mas também representa o segundo maior investimento trimestral da última década.

Apesar dessa notícia aparentemente positiva, Kyle Stanford, analista líder de capital de risco nos EUA da PitchBook, parece ser o mais pessimista em relação aos negócios de venture capital desde que começou a acompanhar esse mercado há 11 anos.

A fonte desse pessimismo? Expectativas frustradas de que 2025 traria saídas significativas, criando um ciclo no qual IPOs e grandes aquisições gerariam uma enorme quantidade de dinheiro para investidores – e para os fundadores – que então reinvestiriam volumes elevados em financiamentos para startups. Afinal, esse é o modus operandi do Vale do Silício.

Contudo, a volatilidade no mercado de ações e os temores de uma recessão desencadeados pela política tarifária do Presidente Trump desviaram essas esperanças. As startups não desejam fazer sua estreia no mercado público em um período em que os preços das ações estão deprimidos devido a questões econômicas globais.

“A liquidez que todos esperavam não parece que vai se concretizar, considerando tudo o que aconteceu nas últimas duas semanas”, afirmou Stanford.

Várias empresas, incluindo a fintech Klarna e a empresa de fisioterapia Hinge, já adiaram ou estariam considerando postergar seus IPOs em meio à turbulência do mercado. Conforme relatos, a Hinge estaria nessa linha de decisão.

Quanto aos números robustos de negócios no primeiro trimestre, Stanford afirmou que essa métrica não refletia completamente o entusiasmo dos investidores pelas startups.

Dos US$ 91,5 bilhões captados por startups nos EUA no último trimestre, impressionantes 44% foram investidos em uma única empresa: a rodada de US$ 40 bilhões da OpenAI. Além disso, o PitchBook constatou que outras nove empresas que angariaram US$ 500 milhões ou mais – incluindo a rodada de US$ 3,5 bilhões da Anthropic e a rodada de US$ 600 milhões da Isomorphic Labs – responderam por mais 27% do valor total dos negócios.

“Esses negócios estão realmente encobrindo os desafios pelos quais muitos fundadores estão passando”, afirmou Stanford. “Acho que muitas empresas terão que aceitar rodadas de financiamento em condições menos favoráveis ou serem adquiridas por preços muito inferiores.”

Investidores e analistas vinham prevendo um colapso generalizado das startups desde o fim da era ZIRP em 2022. Muitas de fato falharam, mas outras conseguiram reduzir custos, e uma economia robusta lhes permitiu continuar crescendo, mesmo que suas taxas de crescimento tenham ficado aquém das expectativas dos investidores. Contudo, conforme relatado anteriormente, elas estão à beira do colapso, com 2025 previsto para ser mais um ano difícil em termos de fechamento de startups.

“Se houver uma recessão, elas perdem grande parte de suas receitas e crescimento”, explicou Stanford, ressaltando que tal cenário poderia forçá-las a serem vendidas por centavos ou levá-las à falência.

Startups e investidores esperavam uma reviravolta no mercado em 2025, mas, em vez disso, uma economia possivelmente mais turbulenta pode acelerar o fim para muitas empresas de tecnologia.