Valorização do Conteúdo Humano
O CEO da OpenAI, Sam Altman, vislumbra uma nova valorização para o conteúdo gerado por humanos, mesmo com as ferramentas de inteligência artificial reformulando a internet.
Durante um jantar com jornalistas em São Francisco, Altman reconheceu que o lançamento do GPT-5 estava longe de ser perfeito. “Acho que falhamos completamente em algumas coisas no lançamento”, declarou. Mesmo assim, a demanda disparou: o uso da API dobrou em apenas dois dias, os recursos de GPU foram totalmente ocupados e o ChatGPT quebrou seus próprios recordes. Segundo Altman, essa experiência mostrou o quão cuidadosamente atualizações desse porte devem ser gerenciadas. “Acredito que aprendemos uma lição sobre o que significa atualizar um produto para centenas de milhões de pessoas em um dia”, afirmou.
Nem todos estão convencidos. Alguns observadores da indústria afirmam que o GPT-5 está supervalorizado, enxergando seu lançamento como mais um sinal de que os grandes modelos de linguagem estão atingindo limites técnicos reais.
O Conteúdo Feito por Humanos Pode se Tornar um Bem Premium
Altman acredita que a próxima fase da internet passará a valorizar o conteúdo claramente produzido, verificado e curado por pessoas reais. “Acho que as pessoas irão acessar menos websites e se importarão, mais do que nunca, com o conteúdo feito por humanos. Minha aposta é que o conteúdo criado, endossado e curado por pessoas aumente seu valor de forma dramática”, destacou.
Seus comentários surgem em meio à enxurrada de textos e imagens gerados por IA na web, o que tem levantado preocupações entre artistas e escritores. Várias empresas de inteligência artificial treinaram seus modelos com trabalhos humanos sem consentimento, competindo diretamente com os criadores originais.
Estudos recentes sugerem que as respostas geradas por IA nas buscas do Google podem reduzir drasticamente o tráfego para websites tradicionais, ameaçando a web aberta como fonte de informação e colocando o conteúdo feito por humanos em segundo plano. Apesar das preocupações, executivos do Google minimizaram os estudos, alegando que as críticas foram exageradas.
Sinais de uma Bolha de IA
Altman é direto quanto ao exagero que envolve as startups de inteligência artificial. Questionado se os investidores estão excessivamente entusiasmados com a área, ele confirmou essa impressão, traçando paralelos com a bolha das dotcom no final dos anos 1990, onde avanços reais eram ofuscados por expectativas irreais.
Ele demonstrou ceticismo em relação aos enormes investimentos em empresas que mal existem, classificando como “insano” que algumas startups de IA, com “três pessoas e uma ideia”, recebam financiamentos em avaliações altíssimas. Segundo ele, esse comportamento não é racional.
Mesmo diante dos riscos, Altman enxerga a possibilidade de grandes ganhos: “Alguém vai perder uma quantia fenomenal de dinheiro. Não sabemos quem, mas muitas pessoas vão ganhar uma quantia fenomenal.” Ele espera que, no final, a inteligência artificial seja “um enorme ganho líquido para a economia”. A OpenAI, por exemplo, planeja investir trilhões de dólares na construção de data centers, o que, segundo Altman, deve fazer economistas se preocuparem.
Além disso, o CEO deixou entrever que a OpenAI está trabalhando em novos aplicativos autônomos além do ChatGPT. Quando perguntado sobre redes sociais impulsionadas por IA, ele afirmou que essa possibilidade poderia permitir “a construção de uma experiência social muito mais bacana”. Altman chegou a cogitar até a ideia de adquirir o navegador Chrome, caso a oportunidade surgisse, e comentou sobre seu interesse em interfaces neurais, afirmando: “Eu gostaria de poder pensar algo e ter o ChatGPT respondendo.”