Agente de IA Chinês Manus Gera Comparação com DeepSeek

Poucos dias após seu anúncio, um novo agente de IA chamado Manus vem recebendo elogios de especialistas, ao mesmo tempo em que alimenta preocupações sobre outro avanço da IA, desta vez com raízes em pesquisas e desenvolvimentos chineses.

O que é o Manus?

Batizado com o nome derivado da palavra latina para “mão”, o Manus é apresentado como um agente de IA geral que transforma seus pensamentos em ações. Em um vídeo divulgado recentemente, seu criador destacou que o Manus vai muito além de ser apenas um chatbot ou uma ferramenta para automatizar fluxos de trabalho – ele é um agente completamente autônomo.

Capacidades e Demonstração

Durante a apresentação, o principal cientista da equipe, Yichao “Peak” Ji, demonstrou as habilidades do Manus em executar três tarefas simultâneas: classificar currículos, identificar correlações entre diversas ações no mercado financeiro e pesquisar imóveis em Nova York, avaliando escolas próximas e estimando o quanto o usuário pode, realisticamente, investir.

O agente opera pela nuvem, permitindo que os usuários desliguem seus computadores enquanto o trabalho continua, o que, no entanto, levanta questões importantes sobre segurança de dados e privacidade.

Preocupações com Privacidade e Segurança

Assim como ocorreu com o DeepSeek, o surgimento do Manus provoca inquietação entre alguns observadores dos Estados Unidos, que temem que a China esteja alcançando uma posição de destaque em uma corrida que muitos enxergam como uma disputa pela supremacia em IA. Especialistas em IA e privacidade ressaltam que a presença de servidores na nuvem, a possível afiliação corporativa à China e a transferência de dados para o país colocam em xeque a proteção das informações dos usuários.

“Parece que o Manus se apresenta como uma empresa chinesa (com sua equipe sediada na China), mas mantém uma entidade legal em Cingapura”, diz Luiza Jarovsky, especialista em IA e privacidade.

Recepção e Ceticismo

Embora o Manus tenha gerado grande entusiasmo em relação às suas capacidades, alguns usuários que tiveram acesso à versão privada e por convite apenas consideraram seu desempenho mediano em determinadas tarefas. Críticos questionam se o agente autônomo realmente conseguirá cumprir todas as promessas atribuídas à sua tecnologia.

No cenário atual, agentes com diversos níveis de autonomia já são apontados como a próxima grande tendência na área de inteligência artificial. Entretanto, o lançamento do Manus ocorre em meio a uma crescente preocupação sobre os riscos que sistemas totalmente autônomos podem representar. Pesquisadores, como os de um recente estudo realizado por uma equipe do Hugging Face, afirmam que “o desenvolvimento de agentes de IA totalmente autônomos não deve prosseguir”, uma vez que mesmo sistemas bem projetados podem cometer erros catastróficos a partir de causas triviais. Eles ressaltam que, embora a autonomia possa trazer benefícios reais em contextos específicos, o julgamento humano e a compreensão contextual permanecem essenciais, sobretudo em decisões de alto impacto.