Investimento Bilionário em IA: Meta aposta na Scale
A Meta está realizando um investimento de US$ 14,3 bilhões na empresa de inteligência artificial Scale e, ao mesmo tempo, recrutando seu CEO, Alexandr Wang, para integrar uma equipe dedicada ao desenvolvimento de “superinteligência”. O acordo, anunciado nesta quinta-feira, reflete a determinação do CEO Mark Zuckerberg em revitalizar os esforços em IA da companhia, que atua como casa-mãe do Facebook e Instagram, em meio à forte concorrência de gigantes como Google e OpenAI.
Denominada pela Meta como uma “parceria estratégica e investimento”, a operação valoriza a Scale em mais de US$ 29 bilhões, com a gigante detendo uma participação de 49% na startup. Apesar da transferência de Wang para a Meta, ele continuará atuando no conselho de administração da Scale, que seguirá operando de forma independente. Jason Droege, previamente diretor de estratégia e com passagens por empresas como Uber Eats e Axon, assumiu interinamente a liderança da empresa.
A crescente ênfase de Zuckerberg na noção de “superinteligência” – termo equivalente à inteligência artificial geral adotado pelos concorrentes – marca um novo direcionamento após os investimentos bilionários feitos no metaverso e tecnologias de realidade virtual em 2021. Esse movimento reforça a estratégia de atrair talentos e fortalecer as operações em IA, seguindo exemplos já conhecidos de outras grandes empresas de tecnologia que expandiram seus quadros com profissionais vindos de startups inovadoras.
Alexandr Wang, que fundou a Scale aos 19 anos no MIT juntamente com Lucy Guo, obteve o apoio decisivo da incubadora de startups Y Combinator, liderada na época por Sam Altman – atual CEO da OpenAI. Sua trajetória, marcada por uma decisão similar à de Zuckerberg (que deixou Harvard para fundar o Facebook), solidificou a Scale como uma referência na oferta de serviços para melhorar sistemas de IA.
Inicialmente, a Scale se destacou ao fornecer mão de obra para anotar imagens – tarefa essencial para aprimorar a inteligência dos sistemas de carros autônomos – conquistando importantes clientes como General Motors e Toyota. Com a expansão dos modelos de linguagem, tecnologia por trás de ferramentas como ChatGPT, Gemini e Llama, a Scale passou a atuar de forma fundamental na curadoria de dados e na avaliação de desempenho desses sistemas, colaborando com líderes do setor como Anthropic, OpenAI, Meta e Microsoft.
Além disso, Wang tem buscado estreitar relações com o governo dos Estados Unidos, garantindo contratos militares para o fornecimento de ferramentas de IA e participando de eventos de destaque, o que reforça a diversificação das aplicações dessa tecnologia. No âmbito interno, embora a Meta ofereça seu sistema Llama como código aberto – permitindo que qualquer pessoa utilize e modifique seus componentes –, ainda enfrenta críticas por não estimular de maneira mais ampla o consumo direto dos modelos de linguagem em comparação com seus concorrentes.
O chefe de ciências de IA da Meta, Yann LeCun, renomado por suas contribuições pioneiras na área, questiona o foco atual da indústria nos grandes modelos de linguagem. Em seus pronunciamentos, LeCun destaca a importância de desenvolver sistemas capazes de compreender o mundo físico, possuir memória persistente, raciocinar e planejar – atributos que, segundo ele, os atuais modelos apenas simulam de forma limitada. Ao reafirmar o compromisso da Meta com pesquisas de longo prazo, LeCun sinaliza que os esforços da empresa visam não apenas alcançar a inteligência humana, mas ultrapassá-la.