JPMorgan afirma que a IA ajudou a aumentar as vendas e atrair clientes

Mesmo em meio à turbulência do mercado, as ferramentas de inteligência artificial do JPMorgan Chase permitiram ampliar as vendas para clientes de alta renda e gerenciar diversas solicitações de clientes preocupados, mesmo durante a queda do mercado em abril, conforme destacou a CEO de gestão de ativos e patrimônio do banco.

O maior banco dos Estados Unidos vem intensificando o uso de IA, seguindo a tendência dos principais concorrentes. Enquanto o Goldman Sachs lançou um assistente de IA generativa para banqueiros, traders e gestores de ativos, o Morgan Stanley desenvolveu um chatbot para seus consultores financeiros com o suporte da OpenAI.

As ferramentas de IA impulsionaram a agilidade dos banqueiros do JPMorgan em fornecer pesquisas e conselhos de investimento a clientes de alta renda, especialmente em um momento em que anúncios tarifários nos EUA ocasionaram perdas bilionárias no mercado de ações. “Nas últimas semanas, ocorreram diversas flutuações – diferentes do usual – que tornaram extremamente complexa a gestão dos clientes e das inúmeras demandas”, afirmou Mary Erdoes, CEO de gestão de ativos e patrimônio.

Com estas tecnologias, os consultores puderam atender rapidamente aos pedidos dos clientes, acessando dados sobre seus padrões de negociação e antecipando dúvidas. Nos dias que antecederam o anúncio tarifário do presidente dos EUA, Donald Trump, os mercados acionários registraram um volume recorde de negociações em um único dia e oscilações intradiárias acentuadas, impulsionando investidores individuais a buscar conselhos diretamente com seus banqueiros.

“Quando se dispõe de uma ferramenta que pré-preenche dados e acompanha os movimentos do mercado em tempo real, além de lembrar das preferências de investimento anteriores dos clientes e elaborar soluções rapidamente, os consultores podem dedicar-se a interações verdadeiramente relevantes”, destacou Erdoes.

O chamado Coach AI, utilizado por consultores de clientes privados, otimiza a busca por conteúdos e pesquisas, permitindo que as informações sejam localizadas até 95% mais rápido. “Isso significa menos tempo procurando e mais tempo para interagir de forma significativa com os clientes”, afirmou Mike Urciuoli, diretor de informática.

Expansão da base de clientes é outro benefício destacado: o aplicativo auxiliará os consultores a aumentar sua carteira em 50% nos próximos três a cinco anos, ao manejar demandas de pesquisa de forma automatizada. Além disso, o setor de Asset & Wealth Management do JPMorgan informou que as vendas brutas entre 2023 e 2024 cresceram 20%, com as ferramentas baseadas em IA generativa permitindo que as equipes se concentrem em atividades de maior impacto para os clientes.

“A IA também tem executado tarefas de antecipação, preparando os consultores para momentos que poderiam ser bastante estressantes diante das movimentações do mercado”, ressaltou Erdoes.

No ano passado, o JPMorgan destinou US$ 17 bilhões à tecnologia e já identificou cerca de 450 aplicações potenciais para a IA. O CEO Jamie Dimon espera que esse número aumente para 1.000 até o próximo ano. Além disso, gestores de portfólio também estão se beneficiando dessas ferramentas.

Atualmente, o conjunto de ferramentas de IA generativa já está instalado nos desktops de mais de 200.000 funcionários – mais da metade dos quais o utilizam diversas vezes ao dia. O banco, que emprega quase 320.000 pessoas, tem como meta democratizar a IA, tornando-a acessível a um número maior de colaboradores, e não apenas a um grupo restrito.

A Harvard Business School publicou recentemente um estudo de caso sobre o potencial da IA generativa, incluindo o uso das ferramentas por 4.000 consultores que atendem clientes de alta renda, para avaliar o impacto destas inovações no negócio. As iniciativas já proporcionaram uma economia de quase US$ 1,5 bilhão para o banco, por meio de prevenção de fraudes, personalização, operações de trading, aumento de eficiências operacionais e melhores decisões de crédito.

O analista Mike Mayo, do Wells Fargo, prevê que os benefícios financeiros provenientes da aplicação da IA podem aumentar em mais US$ 1 bilhão para o JPMorgan. “O JPMorgan é um gigante que tem se destacado na utilização da IA. Sua capacidade de investir, aliada a uma estratégia coesa para incorporar essas inovações, contribui para ampliar sua participação de mercado”, concluiu Mayo.