ISW: Rússia repudia alto o cessar-fogo apoiado pelos EUA e exige rendição total da Ucrânia

O Institute for the Study of War (ISW) informou em 18 de abril que porta-vozes e autoridades do Kremlin continuam rejeitando todas as propostas dos EUA para encerrar a guerra na Ucrânia, desde que não aceitem as demandas integrais da Rússia – mudança de regime, desmilitarização e concessões territoriais significativas. Ao mesmo tempo, insistem na eliminação das chamadas “causas raízes” do conflito, num posicionamento que contradiz abertamente o objetivo declarado de alcançar uma paz duradoura na Ucrânia.

Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, Trump – que chegou a afirmar que conseguiria terminar a guerra em 24 horas – mudou seu foco para a Rússia, iniciou esforços de paz sem resultado, ofereceu concessões a Moscou e pressionou Kiev a aceitar um acordo mineral que concederia aos EUA acesso exclusivo aos recursos naturais da Ucrânia.

O representante permanente russo junto à ONU, Vasily Nebenzya, reafirmou em 18 de abril a rejeição do presidente Vladimir Putin a um cessar-fogo geral na Ucrânia, considerando a ideia “irrealista” e acusando Kiev de, supostamente, violar a moratória sobre ataques de longo alcance à infraestrutura energética no último mês. Segundo relatos, a Rússia violou o “cessar-fogo energético” de Trump mais de 30 vezes.

Anteriormente, durante uma ligação em 18 de março com o presidente dos EUA, Trump, Putin já havia rejeitado uma proposta de cessar-fogo de 30 dias. Desde então, altos funcionários russos ecoaram a posição de Putin, buscando transferir a culpa para a Ucrânia e extrair novas concessões de Washington.

Em 17 de abril, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante uma ligação telefônica, que as negociações entre os dois países deveriam abordar de forma “abrangente” as chamadas “causas raízes” do conflito. Entre essas causas estariam supostas violações da OTAN e a discriminação contra o idioma, a mídia e a cultura russos na Ucrânia – alegações que têm sido utilizadas para justificar a invasão e as operações militares russas.

Vozes alinhadas ao Kremlin continuam a rejeitar categoricamente qualquer iniciativa de cessar-fogo ou proposta de paz dos EUA que não inclua concessões totais por parte da Ucrânia, tais como mudança de regime, desmilitarização e amplas perdas territoriais. Os oficiais russos reiteram que a resolução do conflito passa pela eliminação de suas “causas raízes”, uma demanda histórica que contrasta fortemente com os esforços de paz defendidos pelo governo estadunidense.

Em 18 de abril, a propagandista russa Margarita Simonyan qualificou o suposto plano dos EUA de congelar a guerra como um “negócio ruim para a Rússia”, afirmando que o plano ignorava as exigências de “desnazificação”, reconhecimento dos territórios ocupados e garantias de segurança, e acrescentou que “não há como negociar com insanos”. Na mesma data, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, reiterou essa retórica em uma publicação nas redes sociais, convocando os EUA a “lavar as mãos” da guerra e permitindo que a Rússia “resolva tudo mais rapidamente”.

Os altos representantes russos têm deixado claro que qualquer acordo de paz deverá atender à sua lista completa de demandas políticas e territoriais, incluindo a “desnazificação” – termo utilizado para justificar a mudança de regime e a implantação de um governo pró-Rússia em Kiev – além da desmilitarização, de forma que a Ucrânia não possa se defender contra futuras agressões. O Kremlin mantém ainda sua posição de exigir concessões territoriais que vão além das áreas atualmente ocupadas, conforme enfatizou Putin em reuniões com o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, conforme noticiado pelo Wall Street Journal em 17 de abril.