Inteligência Artificial Resolve Um dos Maiores Mistérios da Arqueologia

Por mais de um século, as Linhas de Nazca, no Peru, têm intrigado arqueólogos. Esses enormes geoglifos, criados pelo povo Nazca entre 200 a.C. e 650 d.C., cobrem vastas áreas do deserto, representando animais, plantas e ferramentas. Muitos desses desenhos intrincados, visíveis apenas do alto, sempre desafiaram uma compreensão completa.

O Poder da Inteligência Artificial na Arqueologia

Pesquisadores, incluindo o professor Masato Sakai, do Instituto Nazca da Universidade de Yamagata, uniram forças com cientistas da IBM para ensinar a IA a analisar grandes quantidades de imagens aéreas e identificar geoglifos que antes passavam despercebidos. Essa colaboração acelerou significativamente o processo, permitindo que levantamentos fossem realizados em uma fração do tempo habitual. Segundo Sakai, a rapidez do levantamento deve-se ao uso intensivo da inteligência artificial.

Revolucionando o Estudo das Civilizações Antigas

As Linhas de Nazca marcam um dos primeiros casos de sucesso no uso de IA em arqueologia. Criadas através da remoção da camada superior do solo para expor um material de cor mais clara, esses geoglifos demonstram a precisão e o avançado conhecimento dos Nazca em geometria e proporção. Tradicionalmente, arqueólogos dependiam de métodos como levantamentos a pé, fotografia e mapeamento manual para estudar esses sítios. A incorporação de ferramentas digitais e de IA, entretanto, permite identificar padrões que poderiam facilmente passar despercebidos pelo olho humano.

Novos Insights sobre o Propósito das Linhas de Nazca

Um dos aspectos mais intrigantes dessa descoberta auxiliada pela IA é a possibilidade de esclarecer o propósito das Linhas de Nazca. A equipe de Sakai sugere que muitos dos novos geoglifos podem ter feito parte de caminhos rituais, percorridos por indivíduos que buscavam interagir com a paisagem e se conectar com o divino. Essa nova perspectiva reforça a ideia de que os geoglifos foram concebidos tanto como expressões artísticas quanto como símbolos espirituais e culturais.

O Futuro da IA na Arqueologia

Embora a IA já tenha revolucionado o estudo das Linhas de Nazca, seu potencial para transformar a arqueologia vai muito além. Pesquisadoras, como a especialista em IA e arqueologia da Universidade de Southampton, estão desenvolvendo ferramentas que poderão ajudar arqueólogos a identificar uma variedade ainda maior de sítios históricos. Essas tecnologias não apenas detectam características visíveis, como também interpretam relações complexas entre sítios e fatores ambientais, como proximidade a corpos d'água ou localização em encostas.

Em 2023, pesquisadores dos Emirados Árabes Unidos utilizaram a IA para analisar dados de satélite no sítio de Saruq Al Hadid, um antigo centro de fundição de cobre (1270-800 a.C.). Essa abordagem possibilitou a obtenção de informações valiosas sobre a distribuição de artefatos e ajudou a priorizar as escavações, evidenciando que as aplicações da IA na arqueologia podem se estender a estudos de naufrágios, cidades submersas e impactos das mudanças climáticas em sítios históricos.

Limitações e Riscos da IA na Arqueologia

Apesar dos resultados promissores, a inteligência artificial ainda apresenta limitações. A equipe de Sakai precisou verificar manualmente as previsões fornecidas pela IA, analisando dezenas de sugestões para cada novo geoglifo identificado. “A IA não é perfeita, especialmente na arqueologia”, ressalta uma especialista na área, afirmando que, com o tempo, algoritmos de alta precisão poderão ser desenvolvidos, economizando tempo, energia e recursos.

À medida que essa tecnologia avança, espera-se que a precisão da IA melhore consideravelmente, permitindo a exploração de áreas cada vez maiores com um uso mais eficiente dos recursos. Esse avanço tem o potencial de revelar novos mistérios e tesouros ocultos das civilizações antigas, transformando radicalmente o campo da arqueologia.