Infecções “Comedoras de Carne” na Vulva Estão em Ascensão, Alertam Médicos
Médicos do Reino Unido, assim como de outros países, têm observado um preocupante aumento nos casos de fasceíte necrosante da vulva – uma infecção rara, porém devastadora, que afeta os tecidos moles sob a pele.
Em um estudo divulgado recentemente, profissionais do NHS Trust de Shrewsbury e Telford detalharam três casos clínicos envolvendo mulheres que desenvolveram a infecção. Dentre essas, uma paciente não resistiu à rápida evolução da doença, vindo a falecer em apenas 28 horas após o diagnóstico devido à sepse, apesar dos esforços com remoção cirúrgica do tecido necrosado e suporte intensivo de cuidados. As outras duas pacientes também sofreram complicações sérias, necessitando de procedimentos cirúrgicos extensos, inclusive múltiplas intervenções para remoção do tecido infectado e, posteriormente, cirurgia reconstrutiva.
A fasceíte necrosante é uma infecção bacteriana grave que destrói a fáscia e demais tecidos moles, podendo avançar rapidamente para complicações fatais, como a sepse. Embora a aparência dessa infecção possa remeter a tecido “mastigado”, os danos são resultado de uma ação inflamatória acelerada e não do consumo direto dos tecidos pelas bactérias.
Apesar de existirem diversas espécies bacterianas capazes de desencadear essa condição, o relato dos médicos destaca que os casos envolvendo a vulva têm se mostrado especialmente perigosos. Dois dos casos foram diagnosticados na sala de emergência, enquanto o terceiro se desenvolveu como complicação de uma infecção em uma ferida cirúrgica prévia.
O relatório também evidencia uma tendência preocupante: foram identificados 20 casos tratados entre 2022 e 2024 no hospital dos pesquisadores, em comparação com 18 casos registrados na década anterior. Estudos recentes, inclusive um conduzido pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos Estados Unidos, apontam que as infecções invasivas causadas pela bactéria Streptococcus do grupo A – principal agente associado à fasceíte necrosante – dobraram entre 2013 e 2022. Países europeus, incluindo o Reino Unido, também relataram aumento na incidência dessas infecções.
Os especialistas reforçam a importância do rápido reconhecimento e tratamento dessa condição crítica, em especial em casos de fasceíte necrosante da vulva, que apresenta uma mortalidade de até 50% na ausência de intervenção médica tempestiva. O objetivo do estudo é alertar ginecologistas e demais profissionais da saúde para ficarem atentos a sinais dessa infecção, contribuindo para a implementação de cuidados imediatos que possam salvar vidas.