Geoff Ralston, reconhecido na comunidade de startups por seus anos na Y Combinator, está de volta ao ringue dos investimentos formais, conforme anunciou nesta quinta-feira.
Seu novo fundo chama-se Safe Artificial Intelligence Fund, ou SAIF, o que serve tanto para explicar sua tese quanto para ser um trocadilho.
De acordo com a descrição do site do fundo, Ralston busca startups que “aperfeiçoem a segurança, a integridade e a implantação responsável da IA”. Ele planeja realizar investimentos de US$ 100.000 por meio de um instrumento financeiro conhecido como safe, com um teto de US$ 10 milhões.
Enquanto muitos investidores de venture capital estão de olho em startups de IA, a proposta de Ralston se concentra um pouco mais na ideia de uma IA segura, embora ele reconheça que o conceito é bastante amplo.
“A vasta maioria dos projetos de IA no mundo hoje utiliza a tecnologia para resolver problemas, criar eficiências ou gerar novas capacidades. Eles não são necessariamente inseguros de forma intrínseca, mas a segurança não é sua principal preocupação. Pretendo investir em startups cujo objetivo principal seja uma IA segura — conforme defini, de maneira muito ampla.”
Essa abordagem abrange desde startups focadas em melhorar a segurança da IA – como aquelas que tornam o processo de tomada de decisão mais transparente ou que estabelecem parâmetros de segurança – até produtos que protegem a propriedade intelectual, garantem a conformidade regulatória, combatem a desinformação e identificam ataques gerados por IA. Ralston também pretende investir em ferramentas funcionais de IA que já tenham a segurança incorporada, como sistemas aprimorados de previsão ou ferramentas para negociações comerciais que evitem a divulgação de segredos corporativos a terceiros.
Embora essa lista possa remeter a áreas bastante exploradas pelos investidores, há segmentos que Ralston afirma que não pretende apoiar. Um exemplo claro são as armas totalmente autônomas.
“Certamente existem usos da IA que seriam (ou serão) inseguros – como utilizar a tecnologia para criar armas biológicas ou gerenciar armas convencionais sem a supervisão humana, dentre outros”, explicou. Na verdade, ele gostaria de financiar sistemas de segurança para armas que possam detectar ou impedir ataques com armamentos controlados por IA.
Esse posicionamento contrasta com as opiniões de diversos fundadores e investidores da área de tecnologia de defesa, especialmente quando alguns têm defendido que as armas de IA poderiam funcionar de forma mais eficaz sem a intervenção humana.
Mesmo em um campo tão concorrido como o de investimentos em IA, Ralston espera que suas conexões na Y Combinator lhe proporcionem uma vantagem. Ele deixou a YC em 2022, após três anos como presidente (sucessor Garry Tan) e com mais de uma década de experiência como conselheiro.
Além disso, Ralston planeja oferecer mentorias semelhantes às aplicadas durante seu período na renomada aceleradora de startups, orientando empreendedores em processos como a inscrição na YC e ajudando-os a aproveitar sua ampla rede de investidores.
No entanto, ele se recusou a revelar detalhes como o tamanho total do fundo, o número exato de startups que pretende apoiar ou a identidade de seus investidores.