Perspectiva: Boom da IA, Desastre Humano?

Geoffrey Hinton, amplamente reconhecido como o “padrinho da inteligência artificial”, emitiu mais um severo alerta sobre o futuro do trabalho. Segundo Hinton, a inteligência artificial tornará as corporações mais lucrativas do que nunca, mas ao custo devastador de um desemprego em massa.

Em entrevista ao Financial Times, Hinton afirmou que “os ricos vão utilizar a IA para substituir trabalhadores”, criando um cenário onde poucos se enriquecem significativamente enquanto a maioria vê seu poder aquisitivo diminuir. Ele destacou que essa situação não é culpa da IA, mas sim do sistema capitalista.

Pioneiro na área do aprendizado de máquina, Hinton, que teve papel fundamental na revolução da inteligência artificial, alertou que estamos entrando em um território inexplorado. “Não sabemos o que acontecerá. Pode ser surpreendentemente bom ou terrivelmente ruim. A situação atual não permanecerá a mesma”, disse ele.

O especialista enfatizou o potencial da IA para desestabilizar economias, especialmente se os chatbots e outros sistemas desenvolverem capacidades linguísticas e de raciocínio além do controle humano. Segundo ele, “a IA já demonstrou ser capaz de formular pensamentos terríveis”, sugerindo que, no futuro, as máquinas poderão raciocinar de maneiras que os humanos não conseguiriam interpretar.

Essas preocupações encontram eco nas palavras do professor de ciência da computação Roman Yampolskiy, da Universidade de Louisville, que previu que a IA pode eliminar até 99% dos empregos até 2030. Yampolskiy alertou que mesmo profissões altamente qualificadas, como engenheiros de software e designers de prompts, podem não estar a salvo quando a inteligência artificial geral (AGI) se tornar realidade, possivelmente já em 2027.

Ele ressaltou: “Não estamos falando de um desemprego de 10%, o que já seria assustador, mas sim de 99%. O emprego proporciona renda, estrutura, status e comunidade. Se os empregos desaparecerem, as sociedades precisarão recriar essas funções em larga escala, e não temos um plano B.”

Com os alertas de duas das vozes mais influentes no campo da inteligência artificial, o debate sobre como equilibrar inovação, lucro e a subsistência humana torna-se mais urgente do que nunca.