DeepWho? Se você perdeu o lançamento mais recente da IA da DeepSeek, você não está sozinho

A DeepSeek atualizou recentemente seu modelo de IA R1, que agora apresenta desempenho superior e continua sendo mais acessível do que a maioria dos outros modelos de ponta. Se você deixou passar a novidade, não está sozinho – a maioria dos profissionais de tecnologia e investidores reagiu com indiferença, contrastando fortemente com o alvoroço que ocorreu no início de 2025.

Do Pânico à Indiferença

No começo deste ano, o lançamento do modelo R1 provocou uma reação intensa: o setor de tecnologia sofreu uma queda acentuada nas ações e houve dúvidas quanto à sustentabilidade do boom de gastos com IA generativa. Hoje, porém, o novo lançamento “veio e passou sem causar impacto”, conforme observou Ross Sandler, renomado analista de tecnologia do Barclays. Segundo ele, a comunidade de investidores aprimorou sua compreensão sobre o mercado de IA em apenas cinco meses, o que contribuiu para uma resposta menos alarmista.

Uma Pesquisa Informal Entre Especialistas

Uma rápida sondagem realizada entre os colegas da equipe de tecnologia demonstrou que a maioria sequer percebeu a atualização. Alguns profissionais só viram o título e logo esqueceram; outros encontraram a notícia de passagem por meio de threads em fóruns e redes sociais. Essa aparente indiferença reforça a ideia de que, mesmo entre quem vive e respira tecnologia, a novidade passou praticamente despercebida.

Preço, Desempenho e a Questão da Distribuição

Embora as melhorias de desempenho do novo R1 sejam relevantes, o fator preço também pesa na competição. Inicialmente, o modelo era aproximadamente 27 vezes mais barato que o principal concorrente da OpenAI, mas com a atualização essa vantagem reduziu: agora ele é cerca de 17 vezes mais barato, segundo dados da Barclays e do AI Intelligence Index, da Artificial Analysis. Essa mudança reforça um ponto importante: os principais modelos de IA apresentam desempenhos bastante semelhantes, já que são treinados com dados que, em grande parte, vêm da internet.

Em um cenário no qual a diferença de performance se torna mínima, a distribuição e a integração das tecnologias passam a ser decisivas. Se sua empresa possui uma conta corporativa do ChatGPT ou se você utiliza um smartphone Android, é provável que acabe recorrendo aos modelos das gigantes do setor, que contam com uma infraestrutura de distribuição robusta – algo que a DeepSeek ainda não possui de forma abrangente, especialmente no mundo ocidental.

O Desafio dos Modelos de Raciocínio

Outro aspecto importante é a natureza dos chamados modelos de “raciocínio”, como o próprio R1 da DeepSeek e o modelo o3 da OpenAI. Esses sistemas demandam uma enorme quantidade de poder computacional para processar as múltiplas etapas de “pensamento” que cada solicitação gera. Cada etapa transforma o pedido em uma série de novos tokens que precisam ser processados, o que tem levantado preocupações no setor, especialmente quando se pensa na infraestrutura necessária para suportá-los.

Curiosamente, o alvoroço inicial em torno da DeepSeek também se deveu à preocupação de que esse laboratório chinês estivesse à frente no desenvolvimento de modelos mais eficientes – que, teoricamente, exigiriam menos recursos computacionais. No entanto, esses modelos de raciocínio podem, justamente, demandar ainda mais GPUs e equipamentos especializados, ampliando o desafio tecnológico.

Em resumo, embora a atualização do modelo R1 da DeepSeek não tenha causado o impacto inicial temido, ela evidencia uma evolução na percepção do mercado de IA. Hoje, não basta apenas oferecer um desempenho excelente; fatores como preço, distribuição e infraestrutura têm papel fundamental na adoção e no sucesso das novas tecnologias. Essa mudança sinaliza um amadurecimento do setor e uma nova fase na corrida pela supremacia da inteligência artificial.