Crogl, armado com US$ 30 milhões, revela novo traje de IA “Homem de Ferro” para analistas de segurança

Agentes de IA estão invadindo o universo de TI. Nesta quinta-feira, a startup Crogl apresentou sua contribuição para o setor: um assistente autônomo para pesquisadores de segurança cibernética que analisa milhares de alertas de rede diários para identificar e solucionar incidentes reais. Descrito pelo CEO e cofundador Monzy Merza como um “traje de Homem de Ferro” para os profissionais, o assistente já vem sendo utilizado por grandes empresas e organizações. Com o lançamento fora do beta privado, a Crogl anunciou um aporte de US$ 30 milhões em investimentos.

Esse investimento foi dividido em dois tranches: US$ 25 milhões na Série A, liderada pela Menlo Ventures, e US$ 5 milhões no aporte inicial (Seed), liderado pela Tola Capital. Com sede em Albuquerque, Novo México, a Crogl utilizará os recursos para aprimorar seu produto e expandir sua base de clientes.

Atualmente, existem centenas de ferramentas de segurança, inclusive aquelas que auxiliam na interpretação e resolução dos inúmeros alertas gerados pelos sistemas existentes. Muitas vezes, parece haver quase tantas soluções quanto alertas. A Crogl, entretanto, se destaca em função da experiência e da visão de seus idealizadores.

Monzy Merza tem uma trajetória notável no setor de segurança. Após a universidade, ele trabalhou no laboratório de pesquisa atômica Sandia, vinculado ao governo dos Estados Unidos. Posteriormente, ingressou na Splunk, onde estruturou e liderou o negócio de segurança, repetindo o feito na Databricks.

Ao decidir trilhar seu próprio caminho, Merza optou por se aprofundar na indústria e atuou no HSBC para compreender os desafios dos usuários finais. Com essa bagagem, ele se reuniu com seu antigo colega da Splunk, David Dorsey – agora CTO da Crogl – e, juntos, iniciaram o projeto, que passou dois anos em desenvolvimento, com o último ano dedicado à consolidação de uma base de clientes em beta privado.

Segundo Merza, o nome Crogl é uma fusão de três conceitos. “Cronus”, o líder dos titãs e deus do tempo, contribui com as três primeiras letras; o “g” vem de “gnosis”, que significa conhecimento ou consciência; e o “l” final representa lógica. Essa combinação reflete a missão da startup.

O desafio central, de acordo com Merza, reside no fato de que analistas de segurança conseguem analisar, no máximo, cerca de duas dúzias de alertas por dia, mesmo sendo que podem receber até 4.500 alertas no mesmo período. As soluções atuais não avaliam os alertas com a mesma eficácia de um olhar humano, sobretudo por abordarem o problema de maneira inadequada.

Merza e Dorsey observaram que líderes de segurança, em regra, preferem que suas equipes lidem com um grande volume de alertas, sob a perspectiva do aprendizado por reforço, onde cada alerta analisado gera experiência. Contudo, essa estratégia é insustentável, o que impulsionou o desenvolvimento de novos produtos. “A indústria de segurança sempre recomendou a redução dos alertas”, afirmou Merza. “Mas e se cada alerta pudesse se transformar em um multiplicador, tornando as equipes de segurança verdadeiramente antifrágeis?”

É exatamente essa a proposta da Crogl. Alavancando Big Data e o potencial dos amplos parâmetros que impulsionam os Grandes Modelos de Linguagem, a startup desenvolveu o que Merza chama de “motor de conhecimento” para sua plataforma – um verdadeiro “Grande Modelo de Segurança”. A ferramenta não só sinaliza atividades suspeitas como também aprende sobre quais sinais podem indicar comportamentos anômalos. Além disso, permite que os pesquisadores consultem todos os alertas em linguagem natural para identificar tendências e aprofundar suas investigações.

Com o tempo, há potencial para que a Crogl amplie suas funcionalidades para além da análise de alertas, adentrando, por exemplo, o campo da remediação dos incidentes – uma área promissora apontada por Tim Tully, da Menlo Ventures, que liderou o investimento na startup. Tully destacou a expertise da equipe da Crogl, que conta com profissionais com ampla experiência no setor, ressaltando que “o diferencial está na própria equipe, algo raro em investimentos desse tipo”.