Quando o Universo Era Jovem e Fofo + Tendência de Resfriamento do Oceano Austral Explicada
Um dos fatos mais curiosos da ciência da computação é o quão difícil é gerar números verdadeiramente aleatórios para um computador. Entretanto, um grupo de pesquisadores de diversas instituições reportou a geração de “aleatoriedade certificada demonstrada” utilizando um computador quântico de 56 qubits. Em outra frente, um estudo publicado na revista Frontiers in Marine Science apresenta evidências de consequências profundas no ecossistema após o desaparecimento dos tubarões brancos na False Bay, na África do Sul. Para completar, uma equipe da Universidade McMaster descobriu uma nova classe de antibióticos que promete grandes avanços na área médica.
Além disso, os pesquisadores apontam para descobertas em diversas áreas: desde a identificação do motivo pelo qual os modelos climáticos falharam em prever uma tendência de resfriamento de 40 anos no Oceano Austral até o desenvolvimento de uma nova técnica para encontrar buracos negros ocultos, passando pela produção da imagem mais profunda já obtida do fundo cósmico de micro-ondas.
Modelos Climáticos e o Resfriamento do Oceano Austral
Os modelos climáticos sempre previram o aquecimento do Oceano Austral, o que torna misteriosa a tendência progressiva de resfriamento observada nas últimas quatro décadas. Pesquisadores da Universidade de Stanford acreditam que esses modelos não levaram em conta as quantidades de água de degelo e subestimaram a precipitação. Com o aumento das temperaturas, o degelo intensifica a formação de água doce, resultando em uma camada superior do oceano menos salgada. Essa redução de salinidade torna a água menos densa e cria uma “tampa” que impede a mistura entre a água mais quente das profundezas e a água fria da superfície.
Ademais, constatou-se que a localização exerce papel fundamental nessa dinâmica. As temperaturas na superfície do Oceano Austral são mais sensíveis ao fluxo de água doce próximo à costa do que à precipitação distribuída de forma ampla. Conforme ressaltou Earle Wilson, professor assistente de ciências dos sistemas terrestres em Stanford, a aplicação de água doce na margem antártica tem grande influência na formação de gelo marinho e no ciclo sazonal da sua extensão, afetando subsequentemente a temperatura da superfície do mar – um resultado surpreendente que os pesquisadores pretendem investigar mais a fundo.
Baby Universe – Parte 1
Uma equipe internacional de cientistas detectou sinais de rádio enigmáticos provenientes de uma nuvem de gás quente e poeira situada a 12,9 bilhões de anos-luz de distância – algo comparável a ouvir misteriosos “miados” vindos de uma cesta de roupas sujas, sinalizando que algo interessante se oculta ali. Com o uso do Atacama Large Millimeter Array (ALMA), os pesquisadores realizaram as observações mais nítidas já registradas de uma nuvem de gás molecular quente e descobriram que o “miado” na lavanderia cósmica era, na verdade, um buraco negro supermassivo que já existia há 12,9 bilhões de anos, quando o universo ainda estava em sua infância.
Essas observações de ultra-alta resolução permitiram visualizar os mecanismos de aquecimento que operam a apenas algumas centenas de anos-luz do buraco negro, estabelecendo uma nova técnica para identificar objetos similares. As ondas de rádio captadas pelo ALMA não sofrem interferência de poeira ou gás, o que torna o instrumento particularmente eficaz na detecção de buracos negros. O estudo ainda sugere que pode existir uma enorme população de buracos negros envoltos por poeira e gás, e os pesquisadores pretendem aplicar métodos semelhantes para identificá-los.
Baby Universe – Parte 2
Utilizando o poder do Telescópio de Cosmologia do Atacama, uma equipe internacional de pesquisa dedicou quatro anos à produção da imagem mais precisa do universo em sua infância – uma representação do fundo cósmico de micro-ondas datada de 12,9 bilhões de anos atrás. Essas novas medições forneceram uma estimativa refinada para a idade do universo, que agora está situada em cerca de 13,8 bilhões de anos, com grande grau de certeza.
Adicionalmente, essa medição reconfirma uma das duas estimativas conflitantes conhecidas pelos físicos como a “tensão de Hubble”. Enquanto as medições baseadas no fundo cósmico de micro-ondas apontam para uma taxa de expansão universal de 67 a 68 quilômetros por segundo por megaparsec, aquelas derivadas do movimento de galáxias próximas sugerem valores entre 73 e 74 km/s/Mpc. A nova observação, entretanto, mais uma vez corrobora a taxa mais baixa de expansão.
A equipe também ressaltou a vastidão do universo observável, mediando com precisão que ele se estende por quase 50 bilhões de anos-luz em todas as direções, abrigando uma massa equivalente a cerca de 1.900 “zetas-sóis”, o que corresponde a quase 2 trilhões de trilhões de sóis.