Browser Use, a ferramenta que facilita a navegação de “agentes” de IA em websites, arrecada US$17 milhões

Embora ainda não haja uma definição consensual para o termo “agente de IA”, inúmeras startups têm investido em ferramentas agentizadas para automatizar tarefas online. Uma dessas empresas é a Browser Use, que despertou grande interesse de desenvolvedores e investidores com sua solução para tornar websites mais “legíveis” para agentes de IA.

A empresa levantou uma rodada de investimentos seed de US$17 milhões, liderada por Astasia Myers, da Felicis, com a participação de Paul Graham, A Capital e Nexus Venture Partners. Esse aporte não havia sido divulgado anteriormente.

Google Keep Note 2

Integrante do grupo de startups do Y Combinator da temporada de inverno de 2025, a Browser Use ganhou notoriedade nos últimos meses. O uso da ferramenta pela startup chinesa Butterfly Effect em sua solução viral Manus impulsionou ainda mais sua visibilidade.

Magnus Müller e Gregor Zunic fundaram a Browser Use no ano passado, através do acelerador Student Project House do ETH Zurique. Müller, que já trabalhava há anos com ferramentas de web scraping, conheceu Zunic em 2024 enquanto ambos cursavam mestrado em Ciência de Dados. Juntos, tiveram a ideia de combinar web scraping com ciência de dados para que o navegador pudesse executar tarefas.

Os fundadores desenvolveram uma demonstração da Browser Use em apenas cinco semanas — e a ferramenta rapidamente chamou a atenção do mercado. Em seguida, eles optaram por disponibilizá-la como open-source.

A proposta central da Browser Use é converter os botões e elementos de um website em um formato textual mais acessível para os agentes, o que facilita a compreensão das opções disponíveis e permite que tomem decisões de forma autônoma.

“Muitos agentes dependem de sistemas baseados em visão e tentam navegar por sites através de capturas de tela, o que frequentemente resulta em falhas. Nós transformamos os websites em um formato que os agentes compreendem. Essa abordagem permite que as mesmas tarefas sejam executadas repetidamente a um custo menor”, afirmou Müller.

Com o número crescente de empresas de IA que desejam que seus agentes interajam com websites de maneira mais eficiente, Müller acredita que a Browser Use pode se tornar uma camada fundamental para atender a essa necessidade. Segundo ele, mais de 20 empresas da atual turma do Y Combinator Winter já utilizam a solução para suas demandas.

“Algumas empresas nos procuram perguntando: ‘O que podemos fazer para facilitar a navegação dos agentes em nosso site?’ Existem, por exemplo, sites como o LinkedIn, que mudam constantemente seu funcionamento, fazendo com que os agentes frequentemente falhem ao interagir com eles”, completou Müller.

Astasia Myers explicou que a Felicis vem acompanhando ativamente o espaço dos agentes de IA há vários anos e identificou na Browser Use a oportunidade ideal para expandir o portfólio da empresa nessa área. Ela destacou que a equipe fundadora, juntamente com sua abordagem open-source, foi decisiva para o investimento.

“Acreditamos que os agentes de IA para a web representam a próxima fronteira para a automação completa das tarefas humanas. Eles funcionam como uma ponte dinâmica entre modelos pré-treinados, que são majoritariamente focados em texto, e o sempre mutável ambiente digital”, afirmou Myers.