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A administração dos Estados Unidos está prestes a adotar uma regulamentação que pode obrigar as empresas de inteligência artificial que mantêm contratos federais a manterem uma rigorosa neutralidade política. Segundo informações do Wall Street Journal, a medida tem como alvo os modelos de IA que os oficiais chamam de “woke”. A iniciativa, impulsionada pelos assessores David Sacks e Sriram Krishnan, integra um esforço maior para reverter programas de diversidade tanto no governo quanto na indústria.

Se implementada, a determinação pode ter efeitos abrangentes no setor de tecnologia, onde quase todas as grandes empresas disputam contratos federais lucrativos. Recentes parcerias firmadas pelo Pentágono com grandes provedores de IA evidenciam o quanto está em jogo.

A proposta surge em meio a críticas constantes de setores conservadores, que afirmam que os sistemas convencionais de IA apresentam tendências políticas. Por exemplo, o modelo Gemini, do Google, ganhou destaque após ter gerado imagens de soldados nazistas de etnias diversas. Além disso, estudos têm apontado que diversos chatbots de IA, como o Grok, tendem a favorecer posturas políticas à esquerda.

Em uma pesquisa, 24 modelos de linguagem foram submetidos a onze testes de alinhamento político. Os modelos que passaram por ajustes adicionais após o treinamento inicial mostraram-se mais propensos a manifestar uma inclinação à esquerda. Em contrapartida, os modelos básicos, sem esse refinamento, apresentavam uma postura neutra, embora frequentemente respondessem de forma inconsistente ou contraditória. Esses resultados indicam que o ajuste político pode ser realizado com relativamente pouco esforço, sem evidências de manipulação intencional por parte das empresas.

xAI de Musk tem a ganhar

A ordem contra a “IA woke” integra um pacote mais amplo de políticas sobre inteligência artificial que se espera que seja anunciado na próxima semana. Outras propostas incluem o estímulo à exportação de chips de tecnologia dos EUA e a aceleração na construção de centros de dados, com o objetivo de posicionar o país em igualdade de condições com a China na corrida global pela IA. Além disso, a administração pretende incentivar países aliados a adotarem tecnologias de IA fabricadas nos Estados Unidos, em vez de alternativas chinesas.

Espera-se que a exigência de neutralidade política seja a medida mais controversa, pois também poderá favorecer determinadas empresas em detrimento de outras. Entre elas, a xAI, iniciativa de Elon Musk que se apresenta como uma alternativa “anti-woke”, pode sair beneficiada. Contudo, a empresa já esteve sob escrutínio recentemente após seu chatbot Grok ter disseminado conteúdo com teor antissemita e elogios a Hitler.

  • A administração Trump planeja uma regulamentação que exigirá neutrali­dade política das empresas de IA com contratos federais.
  • A medida surge em meio a críticas conservadoras sobre supostos vieses dos sistemas convencionais de inteligência artificial.
  • Pesquisas demonstram que ajustes adicionais podem levar modelos de IA a apresentarem inclinações políticas, enquanto modelos básicos tendem a ser neutros, embora com respostas inconsistentes.
  • O pacote de propostas, que também inclui estímulos à indústria de chips e centros de dados, pode beneficiar empresas como a xAI de Elon Musk, embora a mesma já tenha enfrentado controvérsias recentes.