Adaptive Computer quer reinventar o PC com “vibe coding” para não-programadores

Dennis Xu é um empreendedor que já iniciou diversas startups de tecnologia e, mesmo não sendo programador, conquistou destaque ao cofundar o aplicativo de anotações com IA Mem. Agora, ele volta seus esforços para um novo projeto: a startup Adaptive Computer, que tem como missão repensar completamente o software dos computadores pessoais.

O objetivo é permitir que pessoas sem conhecimentos de programação possam criar aplicativos completos simplesmente digitando um comando em um ambiente web sem código. Para isso, Xu e seu cofundador Mike Soylu anunciaram recentemente uma rodada semente de US$ 7 milhões, liderada pela Pebblebed, com a participação de investidores como Conviction, Weekend Fund, Anti-fund de Jake Paul, o CEO da Roblox Dave Baszucki, entre outros.

Antes do advento dos modelos de linguagem (LLMs), Xu precisava trabalhar com designers e engenheiros, passando por um processo de “influenciar pessoas” para construir as soluções que imaginava. Com a nova abordagem, ele afirma: “seremos capazes de colocar algo no bolso de cada pessoa para que ela construa o computador pessoal dos seus sonhos”.

É importante destacar que a proposta não envolve mudanças no hardware, apesar do nome da empresa. Atualmente, a startup desenvolve apenas aplicativos web. Para cada aplicativo criado, o mecanismo da Adaptive Computer cuida da criação de instâncias de banco de dados, autenticação de usuários, gerenciamento de arquivos e integra funcionalidades como pagamentos (via Stripe), tarefas agendadas e recursos de IA – tais como geração de imagens, síntese de voz, análise de conteúdo e pesquisa na web.

Durante uma demonstração do produto, chamado ac1 e ainda em “modo alfa” (com funcionalidades limitadas), foi solicitado um aplicativo de registro de passeios de bicicleta por meio de um comando de texto. Em apenas um minuto, um aplicativo baseado em JavaScript foi criado, completo com banco de dados de back-end, sem necessidade de configuração adicional.

Embora o aplicativo não tenha integrado serviços de terceiros, como relógios fitness, ele adicionou automaticamente funções para ordenar os passeios, calcular a distância total e comparar trajetos. Trata-se de um site totalmente funcional, que pode ser compartilhado com outras pessoas para que elas registrem seus passeios sem comprometer dados pessoais.

Para verdadeiros não-programadores

Apesar da ideia ser interessante, a Adaptive Computer não é a primeira plataforma de “vibe coding” – a prática de escrever código a partir de comandos em texto. Por exemplo, o concorrente Replit, que afirma ter mais de 30 milhões de usuários, já vem direcionando seus esforços para facilitar o uso a não-programadores. Seu CEO, Amjad Masad, chegou a afirmar recentemente em uma rede social que “não acredito mais que seja necessário aprender a programar”.

Logo atrás desses, a startup sueca Lovable também se destaca, alegando que seu projeto de vibe coding não só é voltado para não-programadores, como também supera ferramentas de design tradicionais. A empresa, em estágio inicial, chegou a atingir US$ 10 milhões em ARR nos primeiros 60 dias.

Xu enfatiza que a diferença entre essas plataformas e o seu projeto é que as demais foram originalmente criadas para facilitar a vida dos programadores, o que pode representar dificuldades para quem não domina a programação. “Experimente criar uma ferramenta de IA com qualquer uma delas e elas vão pedir chaves de API”, observa Xu. “Estamos desenvolvendo para o cidadão comum, para quem se interessa em criar soluções que melhorem sua vida diária. Nossos usuários são pessoas que criam aplicativos para outras pessoas.”

Além de se encarregar do banco de dados e de outras configurações técnicas, os aplicativos da Adaptive Computer podem interagir entre si. Por exemplo, um usuário pode construir um aplicativo de hospedagem de arquivos e, em seguida, outro aplicativo pode acessar esses arquivos, funcionando mais como um “sistema operacional” do que como um aplicativo isolado.

Outros exemplos de aplicativos criados pelos primeiros usuários incluem histórias geradas por IA, um e-commerce para grãos de café e um leitor de PDF com tecnologia de conversão de texto em voz.

A Adaptive Computer oferece três planos de assinatura: uma versão gratuita com limitações, um plano intermediário de US$ 20 por mês e o plano Creator/Pro, que custa US$ 100 por mês.