Nvidia caiu 23% de seu pico: como o resto de 2025 pode se desenrolar para essa potência de Inteligência Artificial

A Nvidia (NASDAQ: NVDA) tem sido a maior história de sucesso na era da inteligência artificial até o momento, com suas ações saltando mais de dez vezes a partir do início de 2023, pouco depois do lançamento do ChatGPT, até atingirem o pico recente. A capitalização de mercado da empresa, que agora gira em torno de US$ 3 trilhões, chegou perto de US$ 4 trilhões há alguns meses. Nenhuma outra companhia na história do mercado acionário criou tanta riqueza em tão pouco tempo, o que faz com que investidores acompanhem de perto o desempenho da ação, seja para acompanhar a escalada dos ganhos, seja para buscar garantias sobre a manutenção desses resultados num cenário de eventual queda do mercado.

No entanto, as ações da Nvidia já cederam parte desses ganhos, recuando 23% (a partir de 19 de março) do pico alcançado em janeiro. Esse recuo tem sido explicado pelo enfraquecimento do sentimento dos consumidores e das empresas, pela desaceleração do crescimento da receita e por algumas dúvidas quanto à demanda de IA a longo prazo.

Mesmo assim, esse recuo posiciona as ações da Nvidia como a mais baratas desde 2019, possivelmente apresentando uma oportunidade de compra. Resta saber se a ação continuará sua trajetória ascendente nos próximos meses.

Sem desaceleração

Recentemente, a Nvidia sediou sua conferência anual GTC, totalmente focada em inteligência artificial, deixando claro que a empresa não tem intenção de descansar sobre os laurels conquistados. Durante o evento, o CEO Jensen Huang apresentou o roteiro de produtos da companhia, incluindo futuras plataformas de chips como Rubin e Feynman, e destacou previsões para o setor de IA, entre elas uma que projeta os gastos com data centers chegando a US$ 1 trilhão até 2028. Além disso, foram anunciadas novas parcerias, como a colaboração com a General Motors para o desenvolvimento de veículos autônomos.

A empresa também revelou planos para a criação de um centro de pesquisa em computação quântica acelerada, investindo em uma tecnologia emergente que pode vir a ter impacto tão significativo quanto a própria inteligência artificial. Novas parcerias com hyperscalers de nuvem, incluindo Oracle, Microsoft e Alphabet, foram apresentadas, garantindo a manutenção de um relacionamento próximo com seus principais clientes e assegurando que seus chips e componentes continuem a atender às crescentes demandas do mercado.

Adicionalmente, a Nvidia lançou um plano plurianual que demonstra sua intenção de continuar inovando em IA. Por exemplo, Huang informou que o Rubin, a próxima geração de GPU prevista para ser lançada no final de 2026, equipará um supercomputador 14 vezes mais poderoso que o atual, consumindo menos energia.

O cenário macroeconômico

A Nvidia enfrenta diversos riscos tanto específicos da empresa quanto do setor, principalmente a necessidade de que os investimentos em inteligência artificial continuem em alta. Fatores macroeconômicos também têm impactado as ações e contribuído para uma postura mais cautelosa por parte dos investidores.

A indústria de semicondutores é naturalmente cíclica, e a Nvidia já vivenciou diversos ciclos econômicos com quedas acentuadas em seu valor. Isso não significa que o boom da IA esteja chegando ao fim, mas reforça a necessidade de atenção quanto aos riscos envolvidos. As tarifas comerciais também apresentam desafios para a empresa, embora ela já tenha se adaptado às restrições de exportação para a China, evidenciando que a guerra comercial não é um obstáculo totalmente inédito.

Com um crescimento de receita de 78% no quarto trimestre e fortes orientações para o primeiro trimestre, a incerteza macroeconômica não parece estar prejudicando os negócios da Nvidia, embora possa influenciar o comportamento do valor de suas ações. Uma eventual recessão ou desaceleração econômica pode afetar o crescimento, mas os grandes conglomerados de tecnologia, que figuram entre os maiores clientes da Nvidia, possuem a robustez financeira necessária para continuar investindo em IA – considerando que cortos investimentos nessa nova tecnologia podem representar um risco ainda maior.

Perspectivas para a Nvidia em 2025

Embora seja impossível prever com exatidão o desempenho das ações, 2025 promete ser mais um ano robusto para a Nvidia, mesmo diante das preocupações macroeconômicas que afetam o mercado de ações de forma geral. A empresa segue adotando uma postura agressiva em suas expansões, na formação de novas parcerias e no lançamento de produtos inovadores, enquanto a demanda pela nova plataforma Blackwell, que já está em plena produção, supera a oferta disponível.

Ao longo do ano, é esperado que a Nvidia continue revelando novas parcerias e avanços tecnológicos. Apesar de alguns investidores acompanharem, com cautela, os possíveis obstáculos – como os impactos de tecnologias emergentes — o panorama geral para a companhia permanece promissor, e o atual valor das ações, beneficiado pelo recente recuo, pode representar uma oportunidade interessante para o mercado.