Outro dia estava em um conversa de bar e, assim como outras diversas vezes, tive que explicar o que eu faço. Adoro ser um profissional autônomo, porém muitas pessoas não entendem muito bem o que realmente significa trabalhar de maneira independente.

Nessa ocasião fui recebido com um comentário muito comum:

“Que legal, mas não é muito arriscado?”

Eu entendo o questionamento e, devo confessar, já pensei que ser freelancer, empreendedor ou autônomo era realmente um grande risco. Afinal, quem trabalha assim não possui um salário fixo, férias, 13°, etc. Contudo, a realidade é muito diferente e nesse artigo vou te contar um pouco o que penso sobre segurança nesses mercados autônomos.

O que significa segurança?

Se você já acompanha esse blog há um tempo, provavelmente esperava algum tipo de questionamento sobre o que é segurança afinal de contas. Não vou lhe decepcionar!

Se olhamos para os dicionários, o conceito de segurança está muito atrelado a estabilidade, estar livre de perigo ou incertezas e até mesmo em uma situação que não há nada a temer.

No mundo real, no entanto, esse conceito está mais atrelado ao que é esperado de nós pela “sociedade” ou cultura. Se seguimos o caminho dito como correto pela nossa família, amigos ou mesmo governos, então estamos seguindo um caminho seguro.

O grande problema dessa forma de enxergar a segurança é que não questionar e seguir a manada no caminho mais seguro nos faz tomar decisões que nem sempre serão as mais estáveis, livres de incertezas ou mesmo sem nada a temer. Isto é, acabamos seguindo caminhos nada seguros.

A empresa “segura”

Vou te dar um exemplo. Tenho um parente muito bacana que trabalha em uma empresa tradicional há muitos anos. Ele é casado e tem dois filhos, sendo um deles recém nascido.

A empresa na qual trabalha representa para ele – e para muitas pessoas ao redor – um símbolo de segurança. No entanto, tem pelo menos uns 5 anos que eu sei que essa empresa atrasa pagamentos, negligencia determinadas necessidades dos funcionários e, de fato, gera incerteza e inseguranças constantes para ele.

Quando confrontado com a possibilidade de seguir outro rumo, o discurso sobre a autonomia é que ela é muito insegura.

Eu não quero aqui julgar ou denegrir nenhum tipo de entendimento sobre o que é ou não é segurança mas quero aproveitar o exemplo. Entendo que essa noção de trabalhar para nós mesmos é considerada insegura pela nossa cultura, mas defendo que ela é consideravelmente mais segura do que depender de empresas ou instituições para nos manter.

Não há segurança em nenhuma empresa ou instituição

Na minha opinião, segurança significa ter um pouco mais de controle sobre os resultados que quero gerar. Se em algum momento eu dependo de um chefe ou de uma empresa para seguir minha jornada, então me sinto inseguro pois tenho muito pouco controle daquilo que preciso, quero ou desejo.

Se eu quiser um aumento, não quero ter que impressionar um chefe ou, dependendo, esperar alguém de uma posição superior à minha sair da empresa para aparecer uma vaga melhor. O que eu quero é trabalhar mais, me esforçar mais e conquistar meu aumento.

E se eu quiser mudar o horário que trabalho? Se precisar tirar alguns dias de folga para ajudar um ente querido? Se quiser trabalhar da minha casa?

Esses são questionamentos que não estão somente relacionados com a flexibilidade ou liberdade – que também tanto falamos aqui no blog – mas sim está relacionada com a segurança de viver uma vida sabendo que tenho a capacidade, se quiser, de mudar meus caminhos.

Poucas empresas ou instituições podem nos dar isso e quase nenhuma pode garantir o nosso próximo pagamento – como observado no exemplo acima.

Segurança é uma ilusão

O que podemos tirar desse pensamento todo? Eu acredito que, em primeiro lugar, a segurança é uma ilusão.

Isso significa que se realmente questionamos o que é segurança, acabamos chegando na conclusão que segurança é um sentimento. Uma percepção do nosso estado interno em relação ao meio.

Uma pessoa pode se sentir perfeitamente segura no Rio de Janeiro andando nas ruas com o telefone à mostra, outra pode se sentir super insegura fazendo a mesma coisa no interior do Japão.

A realidade em si – se a pessoa será assaltada ou não – é secundária, pois sempre o que vem antes é o sentimento e o questionamento da nossa confiança.

Como a consideração de estarmos seguros ou não está muito relacionada com o medo, devemos tentar trazer o medo para a razão. Compreender porque sentimos o medo de estamos inseguros. Compreender porque desejamos o sentimento de segurança. E principalmente compreender quais as situações, contextos ou ações que, exatamente, nos dão a ilusão da segurança.

Em segundo lugar, depois de desconstruir o que é nos sentirmos seguros, vejo a oportunidade de substituir o sentimento de medo pelo da confiança. Mais especificamente o da autoconfiança.

Confiar em nós mesmos não significa andar no meio do tiroteio confiando que não seremos atingidos – apesar de que pode até chegar nesse nível…quem sabe -, mas sim confiarmos na nossa capacidade de tomar as melhores decisões baseadas na nossa razão e intuição agindo coordenadamente.

Hoje eu sei que eu tenho segurança financeira porque eu confio que sempre vou ter clientes e tomos as melhores decisões que consigo com o meu nível de conhecimento atual para manter essa realidade. O resultado é que, não surpreendentemente, tenho sempre clientes.

Segurança financeira como autônomo ou freelancer

Falamos um pouco sobre o que significa segurança e talvez até me deixei levar um pouco pelo assunto. Agora, quero focar naquilo que é considerado mais importante em relação à segurança como profissionais e até indivíduos hoje: a segurança financeira.

Porém, antes de avançar, quero já deixar algo bem claro.

É fácil e imediato chegar a um momento em que temos segurança financeira como profissionais autônomos? Não.

É possível crescer devagar e constantemente para alcançar muito mais rapidamente valores dignos do nosso esforço em comparação com trabalhos tradicionais? Com certeza.

Abaixo vou colocar dois gráficos explicando como eu vejo o crescimento financeiro mais tradicional em relação ao crescimento financeiro de profissionais freelancers ou autônomos.

Crescimento do salário Freelancer

A linha amarela mostra o crescimento financeiro de um profissional autônomo/freelancer e o azul mostra um crescimento mais tradicional de salários.

A primeira coisa que podemos observar é que normalmente o início da carreira mais independente envolve ganhar também menos dinheiro em relação ao início em uma empresa. Contudo, com pouco tempo os valores que ganhamos trabalhando com autonomia superam os de uma carreira mais tradicional.

Outro padrão interessante é que há sim instabilidade no quanto se recebe como freelancer. Pode ser que um ano ou ou mês seja pior que o anterior e depois melhora, mas não segue a mesma regularidade de trabalhos fixos e dentro de empresas ou instituições.

Naturalmente, esse exemplo acima não representa uma realidade absoluta e, muito menos, uma verdade baseada em fatos. É um exemplo baseado no que venho observando e estou mais do que ciente que é impossível generalizar.

No entanto, percebo ao meu redor indivíduos que relatam os problemas demonstrados através dos padrões mencionados. O crescimento financeiro tradicional é demorado, pouco expressivo, algumas vezes injusto e, em geral, depende de chefes ou superiores para ocorrer.

Segurança para cada perfil

Talvez já esteja claro o que eu considero como segurança pelo que disse no artigo, mas acho interessante reforçar. Eu acredito que a melhor forma de trabalho seja de maneira autônoma, assumindo a responsabilidade pelo meu desenvolvimento profissional.

Como já disse anteriormente, ser autônomo(a) não significa ser sozinho, mas sim assumir a responsabilidade. Ou seja, ir atrás de parcerias, clientes, amizades e dos nossos sonhos.

Ao mesmo tempo, entendo que nem todo mundo tem essa mentalidade ou forma de pensar.

E está tudo bem!

A forma como eu penso não é para ser generalizada como a melhor. O objetivo é gerar o questionamento. Se você se questiona sobre o que é melhor para você; entendendo que nossas vontades, ações, conceitos e preconceitos são baseados em nossa cultura – e que até a própria cultura pode ser questionada – então sua decisão é a melhor para você.

Afinal, o que é segurança para você pode ser diferente do que é segurança para mim. Mas se por algum motivo essa forma de pensar que expliquei faz sentido para você, então simbora que há muito ainda o que falar sobre esse assunto.

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De qualquer maneira, lembre que você tem o poder de escolher seu caminho. Provavelmente poucos serão os caminhos fáceis, simples, rápidos ou só de coisa boa, mas as recompensas de assumirmos a responsabilidade pelo nosso sucesso são imensas e, em geral, valem a pena.

Divirta-se!